Notícia

Dengue: saiba mais sobre a vacina disponível

Duração da proteção e doses de reforço ainda são desconhecidas

Shutterstock

Fonte

Sociedade Brasileira de Pediatria.

Data

sábado, 15 outubro 2016 10:55

Áreas

Imunologia. Farmacologia. Indústria Farmacêutica. Saúde Pública.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), através do Departamento de Imunizações e de Infectologia, divulgou no mês de setembro de 2016 um documento sobre a vacina para a prevenção da dengue.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas décadas houve um crescimento da dengue em nível mundial de 30 vezes, acometendo hoje mais de 100 países, com metade da população mundial vivendo em áreas endêmicas da doença e com risco de transmissão.

O número de indivíduos infectados anualmente, em todo o mundo, é de cerca de 390 milhões, sendo que um quarto desses casos desenvolvem formas sintomáticas e meio milhão evolui para formas graves da doença (que requer hospitalização), sendo reportadas 25.000 mortes anuais.

A dengue é uma doença antiga, com presença nas Américas há cerca de 400 anos, sendo suas primeiras epidemias descritas em 1635 na região do Caribe, embora no Brasil os primeiros casos tenham sido registrados em 1982 em Boa Vista, Roraima. No Brasil em 2015, foram reportados mais de 1.600.000 casos suspeitos da doença, sendo 20.000 deles classificados como dengue com sinais de alarme, cerca de 1.600 casos graves e 863 óbitos.

O vírus da dengue é um arbovírus, da família Flaviviridae, gênero Flavivírus, que inclui quatro tipos distintos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, mantendo-se na natureza pela multiplicação em mosquitos hematófagos do gênero Aedes. O ciclo de transmissão da doença se inicia quando o mosquito Aedes (o aegypti é o principal vetor da doença no Brasil), pica uma pessoa infectada. O vírus multiplica-se no intestino médio do vetor e infecta outros tecidos chegando às glândulas salivares. Uma vez infectado, o mosquito é capaz de transmitir enquanto viver. Não há transmissão da doença sem a participação do vetor, de pessoa a pessoa. Após a picada do mosquito inicia-se, no indivíduo infectado, o ciclo de replicação viral com a disseminação do vírus pela corrente circulatória (viremia). Os primeiros sintomas como febre, dor muscular, mal-estar e cefaleia surgem após um período de incubação médio de 5 a 7 dias. Após a infecção, a reposta imune é sorotipo específica.

Há muito se deseja uma vacina segura e eficaz contra a doença e embora várias estejam em diferentes fases de desenvolvimento, só há uma vacina licenciada em todo mundo, a do laboratório Sanofi Pasteur (Dengvaxia®), aprovada pela Anvisa em 2016, e agora disponível em serviços privados de imunização do Brasil. Trata-se de uma vacina de vírus vivos atenuados, tetravalente, composta por quatro cepas recombinantes vivas atenuadas de vírus da dengue. Cada cepa expressa os genes da pré-membrana (prM) e do envelope de um dos quatro sorotipos do vírus, tendo como base (esqueleto) a cepa da vacina febre amarela 17D (YF 17D). Dois estudos clínicos, realizados na Ásia (CYD14) e Américas (CYD15) de fase III demonstraram a segurança e eficácia da vacina, tendo o Brasil incluído 1.500 indivíduos no estudo CYD15.

A vacina comprovou sua segurança através de diversos estudos científicos que envolveram mais de 20.000 vacinados. Eventos sistêmicos mais comuns foram cefaleia (>50%), fadiga (>40%), mialgia (>40%) e febre, que ocorreram em 16% dos pacientes entre 9-17 anos e em 5% dos pacientes entre 18-60 anos. Quanto a eventos adversos no local da aplicação, o mais comum foi dor (49,2% de 9-17 anos; 45,2% de 18-60 anos). A vacina está licenciada no Brasil para indivíduos de 9 a 45 anos de idade no esquema de três doses: 0, 6 e 12 meses.

Após a reconstituição deve ser aplicado o volume de 0,5 ml por via subcutânea, preferencialmente na região deltoide. Não estão definidas ainda a duração da proteção e a eventual necessidade de doses de reforço subsequentes. Não há dados publicados sobre interferência na resposta imune quando da aplicação simultânea com outras vacinas, embora, em recente publicação, a OMS considera permissível seu uso com vacinas inativadas, pelo baixo potencial risco de interferência.

A vacina não deve ser administrada em indivíduos portadores de imunodeficiências congênitas ou adquiridas, incluindo aqueles em terapia imunossupressora. Também não deve ser aplicada em gestantes, lactantes e pessoas que vivem com HIV/Aids e na vigência de quadros febris ou doença aguda moderada ou grave.

Acesse a íntegra do documento da SBP.

Acesse a bula da vacina da Sanofi.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria.  Imagem: Shutterstock.

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