Notícia

Pesquisadores sequenciam o genoma do vírus zika em Pernambuco

Getty Images

Fonte

Fiocruz Pernambuco

Data

segunda-feira, 10 outubro 2016 12:15

Áreas

Genômica. Biotecnologia. Imunologia. Virologia. Engenharia Genética. Bioinformática.

Pesquisadores da Fiocruz Pernambuco e da Universidade de Glasgow (Reino Unido) sequenciaram pela primeira vez o genoma do vírus zika circulante no estado. O sequenciamento do vírus coletado de um paciente em 2015 mostra que a cepa do vírus existente no estado é semelhante ao circulante no continente asiático e no Sudeste do Brasil. O estudo revela também que o zika produz uma molécula inibidora de parte do sistema imunológico do doente, dificultando que o organismo se defenda, assim como ocorre com a dengue e a febre amarela.

Essas constatações estão relatadas no artigo Full Genome Sequence and sfRNA Interferon Antagonist Activity of Zika Virus from Recife, Brazil  (Sequência completa do genoma e caracterização da atividade antagonista de interferon do vírus zika do Recife, Brasil), publicado na edição de outubro da revista PLoS Neglected Tropical Diseases.

A inibição do sistema imunológico do paciente é provocada pela partícula do vírus denominada sfRNA (RNA subgenomico de Flavivirus – um pequeno RNA produzidos durante a infecção pelo vírus zika) e pode ser a chave para a compreensão de como o vírus causa a doença. “Sabendo como o vírus subverte o sistema imunológico podemos testar drogas já existentes ou novas para evitar esse tipo de mecanismo e usar como terapia da infecção”, explica o pesquisador da Fiocruz PE Dr. Rafael França, que é um dos autores do artigo. Quando comparado o bloqueio do sistema imunológico provocado pela zika com o gerado pela dengue, a pesquisa mostra que o poder de inibição é maior no caso do zika.

De acordo com o Dr. Rafael França, o sequenciamento do vírus – que foi depositado num banco de dados de genoma público (Genbank), acessível a pesquisadores de todo o mundo – também ajudará a gerar vacinas usando técnicas de engenharia genética e kits de diagnóstico. Ele destaca que o vírus sequenciado, por ter sido coletado de um paciente com a doença, representa melhor o que está na natureza do que um vírus replicado em laboratório, que sofre mutação com o tempo. A intenção do grupo de pesquisa, formado por pesquisadores de várias instituições, é caracterizar dezenas de genomas para verificar a evolução do vírus.

Além do Dr. Rafael França, assinam o artigo pela Fiocruz PE os pesquisadores Dr. Lindomar Pena e Dra. Marli Tenório, do Departamento de Virologia e Terapia Experimental. Os demais autores são profissionais das universidades de Glasgow, Yale (EUA) e Oxford (Inglaterra); da University South Bohemia (República Checa) e do Instituto Pasteur de Dakar (Senegal).

Os dados do artigo são resultantes da pesquisa “The emergence of Zika Virus in Brazil: investigating viral features and host responses to design preventive strategie”, coordenado pelo Dr. Rafael França. O projeto é financiado pelo Fundo Newton e pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Solange Argenta, Fiocruz Pernambuco.  Imagem: Getty Images.

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