Notícia

Cafeína: efeitos sobre a saúde e consumo no Brasil

O consumo de cafeína, que ainda é baixo no Brasil, pode ter impactos importantes na saúde

Tech4Health

Fonte

Tech4Health

Data

quinta-feira, 22 setembro 2016 15:00

Áreas

Alimentação e Nutrição. Bioquímica. Saúde Pública.

A cafeína, ou tecnicamente o alcaloide do grupo das xantinas designado por 1,3,7-trimetilxantina, é uma substância lipossolúvel, rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal e que atua no organismo como estimulante do Sistema Nervoso Central, tendo portanto vários desdobramentos importantes em relação ao estado de saúde do indivíduo.

Significativamente presente no dia-a-dia das pessoas, a cafeína é com frequência associada ao café, mas também pode ser encontrada em chás, chocolates, refrigerantes de Cola, energéticos e até mesmo em medicamentos. A seguir, listamos alguns dos efeitos da cafeína, com base em estudos recentes publicados na literatura científica. Ao final, apresenta-se um estudo publicado no último dia 16 de setembro na revista Nutrire, que analisa o consumo da cafeína no Brasil.

Cafeína e a Atividade Física

Em relação ao desempenho durante a prática de atividades físicas, a cafeína possui propriedades ergogênicas, ou seja, ajuda a aumentar a capacidade de realização de atividades físicas, eliminando ou diminuindo sintomas de fadiga muscular, o que pode influenciar positivamente no desempenho de atletas, por exemplo. Este efeito da cafeína em nível muscular pode ser resultado da mobilização de ácidos graxos livres no tecido muscular, o que faria aumentar a oxidação de gorduras e diminuir a oxidação de carboidratos durante os exercícios físicos. Um estudo muito interessante sobre os efeitos ergogênicos da cafeína foi publicado na Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. Acesse o artigo científico completo.

Risco Cardiovascular

Vários estudos publicados recentemente mostram que o consumo de café é seguro para o coração. Alguns pesquisadores apontam que o consumo crônico e elevado de café aumenta a pressão arterial. Na edição de janeiro de 2016 da revista científica Journal of the American Heart Association, pesquisadores americanos relatam que não há efeitos significativos do consumo de cafeína sobre arritmias ventriculares ou atriais, e que o consumo de café é seguro em relação aos potenciais riscos cardiovasculares. Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Esclerose Múltipla

Em artigo publicado na edição de março de 2016 da revista científica Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, pesquisadores americanos e suecos destacam que o alto consumo de café pode estar associado à diminuição do risco de esclerose múltipla. Em dois estudos independentes, os autores destacam as propriedades de neuroproteção da cafeína, suprimindo a produção de citocinas pró-inflamatórias. Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Cafeína e a TPM

Pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst e da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos, publicaram na edição de julho de 2016 da revista The American Journal od Clinical Nutrition um estudo que investigou a associação entre a cafeína (proveniente do café e do chá) e a Síndrome Pré-Menstrual (ou TPM, Tensão Pré-Menstrual) em mulheres em díade reprodutiva. Ao avaliarem os resultados alcançados com o grupo de estudo, os autores destacam que, apesar das mulheres serem frequentemente aconselhadas a reduzir o consumo de cafeína para diminuir os sintomas da TPM, não foi observada nenhuma relação significativa entre o consumo de cafeína e os sintomas da TPM.  Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Café e Diabetes

O consumo de café pode ajudar a prevenir o diabetes tipo 2, a manifestação mais comum da doença e que em geral atinge pessoas depois dos 40 anos de idade. Este cenário foi encontrado por pesquisadores em dois estudos científicos distintos: um deles realizado na Universidade da Califórnia em Los Aneles e outro realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos. Este segundo estudo apontou que os participantes que aumentaram o consumo de café em cerca de 1,6 xícaras por dia em um período de 4 anos tiveram uma redução de 11% no risco de desenvolvimento de diabetes nos 4 anos subsequentes. Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Café e Depressão

Conforme notícia já publicada anteriormente aqui no Portal Tech4Health, o café também tem efeito positivo contra a depressão. Ao longo de seis anos, uma equipe de 14 pesquisadores da Alemanha, Brasil, Estados Unidos e Portugal, coordenados pelo Dr. Rodrigo Cunha, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), efetuou um conjunto de estudos e experiências em ratos para avaliar em que medida a cafeína interfere na depressão, a doença com maiores custos socioeconômicos do mundo ocidental. Os pesquisadores observaram que os animais que consumiam cafeína, em doses equivalentes a quatro ou cinco xícaras de café por dia em humanos, “apesar de todas as situações negativas a que foram sujeitos, apresentaram menos sintomas em relação ao grupo que não consumiu cafeína, Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Consumo de café no Brasil

Em um estudo publicado no último dia 21 de setembro na revista científica Nutrire, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, os pesquisadores Alan Sartori e Dra. Marina Vieira, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) apontam o perfil do consumo de cafeína no Brasil, bem como destacam os principais produtos consumidos que contêm cafeína.

Os autores destacam que o consumo médio diário por pessoa no Brasil é de cerca de 116 mg, sendo que crianças de 10 a 13 anos consomem em média 84,7 mg e somente 3% da população consome mais de 400 mg por dia. Entre os maiores consumidores de cafeína, o estudo destaca pessoas das regiões Nordeste e Sul e também dos Estados de MG, RJ e ES. O estudo também aponta as maiores fontes de cafeína consumidas: café (63,1%), café com leite (24,9%), refrigerantes do tipo Cola (3,6%) e erva mate (1,9%).

Como conclusão, os pesquisadores apontam que o consumo de cafeína no Brasil está abaixo do limite de referência recomendado para adultos e que a porcentagem de indivíduos que consomem cafeína em excesso é baixa.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Tech4Health. Imagem: Pixabay.

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