Notícia
Fumar reduz a capacidade de fertilização do espermatozóide
Em estudo da Unifesp, DNA de tabagistas apresentou fragmentação maior do que de não fumantes
Pixabay
Um estudo do Centro de Pesquisa em Urologia da Disciplina de Urologia do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), juntamente com o Hospital São Paulo (HU/HSP), concluiu que fumar provoca uma diminuição da qualidade do sêmen, afetando sua capacidade de fertilizar o óvulo com sucesso. Os resultados são da dissertação de mestrado da estudante Mariana Antoniassi, sob a orientação do Prof. Dr. Ricardo Pimenta Bertolla, e foram publicados na revista científica BJU International.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Para o trabalho, foi analisado o sêmen – fluído que transporta os espermatozoides – de 20 tagabistas, que fumavam pelo menos dez cigarros por dia, e de 20 não fumantes. Os voluntários de ambos os grupos tinham entre 20 e 50 anos.
O DNA do grupo tabagista apresentou uma fragmentação de quatro a cinco vezes maior quando comparado aos não fumantes, provavelmente, devido ao estresse oxidativo causado pelo cádmio e pela nicotina presentes na composição do cigarro.
“O estudo é inovador pois traz a informação de que o sêmen dos tabagistas apresenta uma natureza inflamatória”, afirma a pesquisadora. “Esse estresse, caracterizado pelo excesso de radicais livres, pode desestabilizar o espermatozoide e prejudicar sua função de fertilizar”.
“A fragmentação do DNA dos espermatozoides tem sido mostrada em outros estudos e está associada ao aumento de riscos de problemas genéticos no feto e ao desenvolvimento de câncer na infância”, alerta o professor Ricardo Bertolla, que é responsável pelo Centro de Pesquisa em Urologia.
Além disso, as mitocôndrias também estavam menos ativas nos espermatozoides dos fumantes. “Elas geram energia para o espermatozoide; se estão menos ativas, significa que eles terão sua movimentação prejudicada, o que diminui a chance para que ocorra fertilização”, explica Mariana.
Os pesquisadores encontraram ainda uma maior porcentagem de acrossomas defeituosos, que é a parte da cabeça do espermatozoide que libera enzimas que o permitam entrar no óvulo, bem como alterações nas proteínas do plasma seminal dos fumantes. Essas alterações proteicas demonstram que o sêmen desses pacientes está em um estado inflamatório, o que potencializa os danos aos espermatozoides.
Fonte: Daniel Patini, Unifesp. Imagem: Pixabay.
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