Notícia

Cerca de 60% dos casos de câncer são curáveis

Médicos especialistas debatem mitos e realidades sobre a cura do câncer no novo canal USPTalks

Divulgação

Fonte

USP

Data

terça-feira, 5 julho 2016 18:30

Áreas

Medicina. Oncologia. Saúde Pública.

De acordo com o relatório do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde, estima-se que 600 mil novos casos de câncer devam ocorrer entre 2016 e 2017 no Brasil. Segundo o médico Dr. Ademar Lopes, nos países onde há todas as condições de se tratar a doença, a cura é possível em aproximadamente 60% dos casos. E as perspectivas são otimistas, já que a evolução clínica do tratamento oncológico se deu enormemente nas últimas décadas.

O Dr. Ademar Lopes é especialista em cirurgia oncológica e vice-presidente de um dos maiores centros oncológicos do mundo, o A.C. Camargo Câncer Center. O médico foi um dos convidados da terceira edição do USP Talks, realizado no dia 29 de junho, em São Paulo. O tema “Os mitos e realidades da cura do câncer” foi discutido junto ao presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), Dr. Gustavo Fernandes, que é médico oncologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília.

O Dr. Gustavo Fernandes lembra que até a década de 50 não houve evolução no tratamento da doença. A cirurgia para remoção de tumores começou no século 19 e os tratamentos mais direcionados, com medicamentos e radioterapia, ocorreram somente no último século. “É tudo muito recente. Tudo o que temos de evolução e melhora se deu nos últimos anos.”

O presidente da Sboc afirma que o tratamento é possível para quase todas as pessoas: cerca de 7 em cada 10 pacientes podem ser curados. Para o especialista, os números são bons, mas ainda não satisfatórios. “Estamos andando a passos largos. A mortalidade do câncer vem caindo, por estadiamento [processo que determina a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa e onde está localizado], por localização e idade, entretanto a velocidade da cura não é a que a sociedade deseja. Vale lembrar que, historicamente, começamos há muito pouco tempo a trabalhar para a cura do câncer.”

O Dr. Ademar Lopes destaca que, entre 1985 e 1990, quando se descobria que uma mulher tinha câncer na mama, o procedimento era retirar todo o órgão, o que acabava gerando transtornos estéticos, funcionais e psíquicos muito grandes. Hoje, com o surgimento e evolução do tratamento multidisciplinar, envolvendo a combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia, a mulher, na maioria dos casos, remove apenas um quarto da mama, consegue a cura e não sente tão intensamente a mutilação. “A combinação dessas modalidades terapêuticas é muito importante e contribui para maiores taxas de cura e sobrevida”, afirma.

Lopes afirma que a taxa de cura é menor em casos de câncer mais agressivos, mas que, em contrapartida, já se consegue curar 80% dos casos de cânceres pediátricos, sendo que na década de 80 se curava apenas entre 20% e 25% das ocorrências.

Assinatura do Envelhecimento

A esperança dos dois oncologistas é a mesma. Ambos anseiam que, nas próximas décadas, surjam drogas mais eficientes, capazes de curar muito mais pacientes. “O importante é investir em pesquisa básica e que se desenvolva tratamentos que realmente mudem a vida das pessoas, e não como se vem fazendo, cada vez mais investimentos financeiros em tecnologias que só se preocupam em prolongar a vida”, avalia o Dr. Gustavo Fernandes.

No debate, os médicos apontaram o envelhecimento como um dos principais fatores de risco da doença. Segundo o Dr. Ademar Lopes, quanto mais se vive, mais as pessoas se expõem aos agentes causadores do câncer. “Queremos viver mais, mas não queremos aceitar os problemas que isso acarreta”, completou o Dr. Gustavo Fernandes, para quem o câncer é uma doença que carrega a assinatura do envelhecimento.

Os tipos de câncer com maior incidência no mundo são os de pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais frequentes são de pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%). Já em relação às mulheres, a prevalência é o câncer de mama (25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago (4,8%).

Assista ao vídeo do debate entre os especialistas, no USPTalks:

 

No Canal USPTalks no Youtube, estão disponíveis mais dois vídeos, onde cada especialista apresenta sua visão sobre a cura do câncer.

USP Talks

Organizado pelas Pró-Reitorias de Pesquisa e de Graduação da USP e pelo jornal O Estado de S. Paulo, em parceria com a Livraria Cultura, o USP Talks é uma série mensal que traz especialistas da academia para falar sobre temas de grande relevância, em um formato diferenciado de palestra – informal, simples, rápido e personalizado.

Cada apresentação tem, no máximo, 15 minutos, com 30 minutos de bate-papo com a plateia, ao final. A primeira edição foi em abril, com o tema “Aedes aegypti, zika e microcefalia: Como vencer o mosquito e suas doenças?”, e a segunda edição, em maio, trouxe a discussão “Corrupção: De onde vem e como acabar com ela?”.

Fonte: Izabel Leão, Jornal da USP.  Imagem: Divulgação.

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