Notícia

Falência hepática: ações de educação científica podem ajudar a prevenir

Pesquisadores da UFMG alertam que medidas educativas e de prevenção de abuso de substâncias podem reduzir a incidência de falência hepática

Fonte

UFMG

Data

domingo, 12 junho 2016 14:25

Áreas

Hepatologia. Educação Científica.

Boa parte dos pacientes com falência hepática poderia ter evitado a doença, que tem alta taxa de letalidade e o transplante como única alternativa de sobrevida. A constatação levou a pesquisadora Marielle Camargos Dias, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a investigar em sua dissertação de mestrado, com base em entrevistas com transplantados, quais as formas mais adequadas de divulgação de informações científicas que poderiam ter mudado esse quadro.

O consumo indiscriminado de medicamentos e anabolizantes tem contribuído de modo preocupante para o surgimento de novos casos“, afirma. Segundo ela, medidas educativas e de prevenção de abuso de substâncias podem ser muito eficazes para a redução da incidência de falência hepática.

Primeira dissertação defendida na linha de pesquisa de Educação Inclusiva em Ciências, do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, o estudo de Marielle Dias é parte de trabalho coordenado pela Profa. Dra. Denise Carmona, do Departamento de Morfologia, em parceria com outros pesquisadores da UFMG, como o Prof. Dr. Cristiano Lima, da Faculdade de Medicina, e a residente Priscilla Reis, do Hospital Felício Rocho. “Há uma imensa lacuna entre a informação popular e a realidade médica e científica”, lamenta a professora, lembrando que divulgação e ações educativas são essenciais para prevenir danos ao fígado.

Em sua opinião, é necessário adaptar a linguagem do meio científico para o grande público, sobretudo para professores em formação e alunos de diferentes níveis de ensino. Se práticas educativas em saúde têm-se mostrado capazes de transformar comportamentos, “no caso de doenças hepáticas, são de extrema importância”, comenta a professora Denise Carmona.

Na dissertação, Marielle Dias propõe ações que incluem produção de material impresso e em vídeo, além da realização de eventos em locais públicos e escolas, com a finalidade de esclarecer à população a importância do fígado, a gravidade das lesões hepáticas e as formas de cuidar da saúde para evitar esse quadro patológico.

Para impedir que a transmissão de informações se dê de forma fragmentada e sem conexão com a realidade da população, Marielle Dias entrevistou pacientes com hepatite submetidos a transplante de fígado. “Fizemos correlações clínicas para entender os mecanismos fisiopatológicos de cada caso, analisamos o perfil dos pacientes quanto ao acesso às informações em geral, avaliamos os dados obtidos dos pacientes na pesquisa circunstancial e exploratória e iniciamos um planejamento de ações educativas para prevenção da falência hepática”, descreve a pesquisadora.

As estratégias de divulgação têm sido planejadas por equipe multidisciplinar do Centro de Biologia Gastrointestinal, que inclui o jornalista Paulo Lutero Mello, estudante de Medicina da UFMG.

Recomendações

A pesquisa identificou pacientes com casos de hepatite viral, medicamentosa (por paracetamol e anabolizantes, por exemplo) e autoimune. Com relação às abordagens educativas, nos casos de hepatite viral, o projeto coordenado pela professora Denise Carmona sugere a criação de material com informações que alertem para os sintomas iniciais. Para prevenir as hepatites medicamentosas, consideradas as mais preocupantes, a informação à população pode ser ainda mais eficaz. O material proposto sugere enfatizar “que deve ser ingerida somente a dose recomendada de medicamento, que o uso simultâneo de múltiplas substâncias é muito perigoso e que a automedicação gera riscos graves ao fígado“. Um dos casos acompanhados pela equipe foi de uma criança de seis anos que teve falência hepática por ingestão de paracetamol.

A professora comenta que a Organização Mundial da Saúde instituiu a data de 28 de julho como Dia Mundial de Combate a Hepatites, mas as campanhas ainda focalizam sobretudo as hepatites virais. Denise Carmona ressalta que, embora no exterior existam sites que fornecem informação sobre drogas, ervas e suplementos dietéticos que induzem lesão hepática, no Brasil ainda há pouca divulgação educativa sobre o uso de medicamentos.

Segundo a professora, ao averiguar o perfil relacionado com acesso a informações, a equipe observou que todos os pacientes mostravam-se preocupados com a saúde, tinham acesso à internet e a redes sociais, procuravam matérias que tratam do tema, mas encontraram poucas informações sobre fígado e toxicidade de drogas que eles não consideram ser medicamentos, como os anabolizantes.

“Nas estratégias, pensamos, por exemplo, em criar um site. Mas por que uma pessoa saudável, que não sabe que corre risco hepático, iria procurar algo tão específico?”, comenta Lutero Mello. O projeto da equipe está concorrendo em chamada de agência de fomento que visa apoiar a organização e a execução de ações de popularização de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Fonte: Ana Rita Araújo, UFMG.

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