Notícia
Sistema de desinfecção de água ajuda populações ribeirinhas da Amazônia
Invento de pesquisador do Inpa ajuda a reduzir doenças causadas por água contaminada
Divulgação, Inpa
Há uma década o purificador de água – Água Box – ajuda a reduzir as doenças causadas por águas contaminas em aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas da Amazônia. O equipamento de desinfecção solar de água foi desenvolvido pelo alemão Dr. Roland Vetter, o primeiro pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e do Amazonas a receber royalties por uma invenção.
A transferência de tecnologia para a empresa QLuz Ecoenergia aconteceu em 2012. O invento do Dr. Vetter é considerado um Modelo de Utilidade, por utilizar materiais e equipamentos existentes para melhorar a vida das pessoas. Para essa modalidade, a proteção na forma de patente de Modelo de Utilidade tem prazo de validade de 15 anos e depois passa a ser de domínio público.
“Esta é uma tecnologia que fez o ciclo completo. Atende a necessidades latentes da população, teve proteção dos direitos de propriedade industrial, a transferência de tecnologia para empresa e, com isso, o equipamento foi disponibilizado para a sociedade (comercialização)”, disse a titular da Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Ceti), Dra. Noélia Falcão. “Agora, o purificador de água começará a gerar royalties, um retorno financeiro, tanto para o pesquisador, quanto para o Inpa, e dessa forma será possível o reinvestimento em novas pesquisas, visando novas tecnologias”, comemora a coordenadora.
Indígenas
A ideia do purificador surgiu em 2005, após o Dr. Vetter visitar os povos Deni e Kanamari, no rio Xeruã, afluente do rio Juruá (a dez dias de barco de Manaus-AM). O pesquisador ofereceu aos indígenas da aldeia Deni Morada Nova, sua então invenção, um secador de madeira movido à energia solar para que eles usassem para secar madeiras, folhas e até frutos e sementes. Eles agradeceram, mas o que lhes interessava de mais urgente era ter água boa para beber, água potável. Naquele ano, 11 crianças morreram de diarréia.
“Desde então, eu praticamente deixei todas as pesquisas que eu fazia na área de recursos florestais e engenharia florestal para tentar salvar vidas”, disse o pesquisador, que é doutor em Botânica Florestal pela Universidade de Friburgo (Alemanha) e trabalha no Inpa há mais de 30 anos.
A tecnologia é capaz de desinfectar águas contaminadas por germes de rios, lagos e igarapés, através da radiação ultravioleta tipo C, evitando as doenças ocasionadas pela ingestão de águas sujas, como diarreia e Hepatite A. O aparelho pesa 13 quilos e é capaz de purificar até 400 litros de água por hora, utilizando energia solar e bateria. A vida útil da lâmpada ultravioleta é de 10 mil horas, o equivalente a três anos de duração. Cada aparelho tem condições atender até 300 pessoas com água potável.
O Inpa obteve recursos para montar 50 kits do purificador. Desses, 28 equipamentos já foram instalados, sendo 26 na Amazônia e dois em Nampula, na África. Os demais têm destino certo. Neste mês, uma equipe do Inpa foi a Santa Isabel do Rio Negro, onde está fazendo manutenção e capacitação dos yanomamis, povo que já recebeu 14 purificadores.
Planos
Para o Dr. Roland Vetter, a porcentagem de royalties significa a aceitação de suas pesquisas na área de tecnologia social para as regiões tropicais e um impulso para continuar com as pesquisas. “Posso investir em mais recursos para melhorar a técnica ou diminuir os custos da produção ou manutenção dos equipamentos e até mesmo inventar outros produtos e modelos de utilidade para a população”, contou o pesquisador.
Em novembro do ano passado, uma parceria com o Exército possibilitou a adaptação do purificador para uma mochila para ser usado por militares em operações de selva.
Saiba mais
Atualmente não há mais kits do purificador de água disponível para doação, a não ser para as comunidades que já estão nessa lista elaborada previamente pelo Inpa. Caso algum órgão ou empresa se interesse, pode conhecer como a tecnologia funciona indo ao Bosque da Ciência do Inpa, onde há uma unidade demonstrativa instalada, e a aquisição pode ser feita com a empresa Q Luz Ecoenergia. O bosque fica na rua Otávio Cabral, s/n, Petrópolis, Manaus-AM.
Fonte: Inpa. Imagem: Divulgação
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