Notícia
Óculos para auxiliar pessoas com deficiência visual é desenvolvido na Ufam
Com desenvolvimento de hardware e software, dispositivo é guiado por áudio e navegação virtual
Divulgação, Ufam
Fonte
Ufam
Data
quarta-feira, 4 maio 2016 18:55
Áreas
Bioeletrônica. Ciência da Computação. Visão Computacional. Inclusão Social.
O projeto é inovador, mas o maior diferencial é o pioneirismo na inclusão de pessoas com deficiência visual através de sistemas de georeferenciamento para ambientes internos a custo relativamente baixo. “Esse viés social e inclusivo é o principal motivador para o desenvolvimento dos óculos guiados por áudio e navegação virtual”, comemora o responsável pelo projeto e doutorando em Engenharia da Computação na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Walter Simões.
“Os projetos que desenvolvemos no âmbito do PPGI [Programa de Pós-Graduação em Informática] e do Ceteli [Centro de P&D em tecnologia eletrônica e da informação] têm o viés social. Os trabalhos orientados pelo Prof. Dr. Vicente Lucena sempre têm essa marca da contribuição para a sociedade ou para atender a demandas de grupos específicos”, esclarece o pesquisador. Hoje, a maior parte dos óculos destinados a auxiliar deficientes visuais é restrita à percepção de obstáculos.
O protótipo que está sendo projetado nos laboratórios da Ufam vai além das abordagens atuais. A tese de Walter é desenvolvida no sentido de associar diversas abordagens de software (programação) ao hardware (placas eletrônicas) para reduzir a um nível muito baixo a margem de erro na versão final do produto. E isso tudo, segundo ele, a um custo que não chegará a mil reais. “O diferencial do projeto é pensar no público brasileiro com deficiência visual. Versões desenvolvidas na Alemanha, por exemplo, podem custar até três mil dólares americanos”, compara. Outros equipamentos que oferecem alguma abordagem desse tipo foram encontrados a valores entre mil e oito mil dólares americanos.
Engenheiro egresso da antiga Universidade de Tecnologia do Amazonas (UTAM) – atual Escola Superior de Tecnologia (EST), Walter conclui o mestrado em Informática no Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI/Ufam) em 2014 e é doutorando no mesmo programa, cujo conceito é cinco na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
No doutorado, a pesquisa já foi iniciada com a proposta de proporcionar experiência segura e efetiva de locomoção para pessoas cegas ou com algum grau de deficiência visual em ambientes indoor (internos) desconhecidos. O estado da arte mostrou que várias técnicas já foram aplicadas com esse objetivo, mas sempre voltadas apenas à identificação de obstáculos. Os custos dos projetos mais promissores também não são atrativos para uma produção em escala industrial no padrão do mercado consumidor brasileiro.
A primeira experiência foi com um par de luvas e uma viseira. “As luvas usavam a tecnologia de navegação ultrassônica (na velocidade do som – 340 m/s), que permitia reconhecer obstáculos a quatro metros, numa escala maior que a tradicional bengala, que alcança um metro e meio, em geral. Na viseira, a tecnologia aplicada foi a da visão computacional, através de câmeras que identificavam o cenário. Extintores, escadas e portas foram identificados e a informação foi repassada a cada pessoa por áudio em menos de dois segundos”, explica o pesquisador. Segundo ele, dois dos participantes cegos fizeram todo o percurso sem a necessidade de usar a bengala como auxílio e foram bem sucedidos.
Primeiro sistema desenvolvido (Fonte: Divulgação, Ufam).
Essa primeira parte da experiência foi transformada em artigo e publicada num evento em Las Vegas, o ICCE CES (Consumer Electronics), em janeiro de 2016. O trabalho está disponível neste link: http://www.icce.org/icce-2016/icce-2016-conference-program/. Na etapa seguinte, cujo resultado será apresentado na segunda qualificação do doutorado, Walter aproveitou as instruções dos usuários testados e criou o protótipo dos óculos.
Evolução Tecnológica
O guia por áudio sobre a navegação de pessoas cegas ou com algum grau de deficiência visual é baseado nos sistemas usados em veículos na navegação out door (externa), realizada através de satélites por GPS (Global Positioning System). Os códigos computacionais (algoritmos) completam as técnicas e sensores envolvidos no processo de mapeamento e navegação. “A fusão de técnicas permite reduzir a margem de erro em situações críticas (pessoas cegas) a um custo muito baixo. Hoje, a impressão da estrutura em 3D custa 70 reais. Além disso, são usadas câmeras de 5 mega pixels, que são simples, e chips de relacionamento com o ambiente que custam cerca de dois reais”, afirma.
Após a submissão do trabalho ao ICCE (Consumer Eletronics) de Las Vegas, os organizadores descreveram o projeto como “uma excelente abordagem sobre as escolhas das técnicas empregadas e com resultados promissores apontados pelos testes preliminares”, segundo informou o doutorando.
Fonte: Ufam. Imagens: Divulgação.
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