Notícia

Idade materna avançada e o trabalho de parto

Por foco na profissão, planejamento da gravidez tem ficado cada vez para mais tarde

Pixabay.

Fonte

New England Journal of Medicine

Data

sábado, 5 março 2016 21:17

Áreas

Obstetrícia. Saúde Pública.

Nos últimos 30 anos e principalmente nos países mais industrializados, onde muitas vezes a mulher opta pelo foco na profissão e decide pelo adiamento nos planos de ter um filho, a idade média das mulheres no parto tem aumentado de forma constante.

No Brasil, o estudo “Saúde Brasil”, publicado em 2014, revelou que o percentual de mães na faixa etária de 30 anos cresceu desde 2004, passando de 22,5% em 2000 para 30,2% em 2012. Já o número de mulheres com menos de 19 anos que tiveram filhos caiu de 23,5% para 19,3% no mesmo período. “O Brasil segue uma tendência observada em países desenvolvidos, com a inserção ainda mais forte da mulher no mercado de trabalho, com mais acesso aos métodos anticoncepcionais. Com isso, a mulher planeja melhor sua gravidez“, explicou a Diretora do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare. A maior quantidade de mães com 30 anos de idade ou mais está concentrada nas regiões Sudeste e Sul, representando respectivamente 34,6% e 33,6% dos nascimentos. No Centro-Oeste a taxa foi de 28,8%, seguido do Nordeste com 26,1% e o Norte com 21,2%. Os dados revelam ainda uma tendência de queda no número de nascidos vivos, fortalecida pela diminuição das taxas de fecundidade em todas as regiões do País.

O risco de morte fetal pré-parto a termo é maior entre as mulheres de 35 anos ou mais do que entre as mulheres mais jovens. A indução do parto pode reduzir o risco de morte fetal, mas pode também aumentar o risco de parto por cesariana, que já é comum nesta faixa etária.

Os riscos de morte perinatal, doença hipertensiva, diabetes mellitus gestacional, placenta prévia, e descolamento prematuro da placenta são maiores entre mulheres com 35 anos de idade ou mais do que entre mulheres mais jovens. Nestas condições, também há um aumento do risco de parto prematuro ou de lactentes com macrossomia (> 3999 g) ou com baixo peso ao nascimento (< 2.500 g). Sem surpresa, as taxas de intervenção obstétrica são maiores entre mulheres com mais de 35 anos do que entre as mulheres mais jovens.

Análise do trabalho de parto induzido em mulheres com mais de 35 anos

Em um estudo publicado no último dia 3 de março de 2016 na prestigiosa revista científica The New England Journal of Medicine, pesquisadores das universidades de Notthingham e Cambridge, no Reino Unido, analisaram os resultados de parto induzido em 619 mulheres com elevada idade maternal (> 35 anos). O estudo, controlado e randomizado, considerou mulheres grávidas pela primeira vez, com partos induzidos entre 39 semanas exatas e 39 semanas e 6 dias, ou com conduta expectante (isto é, espera até o aparecimento espontâneo do trabalho de parto ou até que um problema médico torne  a indução obrigatória).

Como resultados, os pesquisadores reportaram que não houve diferenças significativas entre os grupos no percentual de mulheres que foi submetida a cesariana (98 de 304 mulheres no grupo de indução [32%] e 103 de 314 mulheres no grupo de conduta expectante [33%]) ou na porcentagem de mulheres que tiveram uma parto vaginal com o uso de fórceps ou vácuo (115 de 304 mulheres [38%] e 104 de 314 mulheres [33%], respectivamente). Não houve nenhuma morte materna ou infantil.

Os autores do trabalho científico concluem que, entre as mulheres de idade materna avançada, a indução do trabalho de parto com 39 semanas de gestação, em comparação com a conduta expectante, não tem efeito significativo sobre a taxa de cesárea e também não apresentou efeitos adversos de curto prazo sobre os resultados maternos ou dos recém-nascidos, consideradas as condições em que foi realizada a pesquisa.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: New England Journal of Medicine. Imagem: Pixabay.

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