Notícia

Sepse: nova tecnologia promete salvar vidas

Fonte

MIT, ILAS e AMIB

Data

domingo, 28 fevereiro 2016 16:15

Áreas

Hospitais. Infectologia.

Segundo o Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS), a sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção. A sepse era conhecida antigamente como septicemia ou infecção no sangue. Hoje é mais conhecida como infecção generalizada.

Na verdade, não é a infecção que está em todos os locais do organismo. Por vezes, a infecção pode estar localizada em apenas um órgão, como por exemplo, o pulmão, mas provoca em todo o organismo uma resposta com inflamação numa tentativa de combater o agente da infecção. Essa inflamação pode vir a comprometer o funcionamento de vários órgãos do paciente.

Por isso, o paciente pode não suportar e vir a falecer. Esse quadro é conhecido como disfunção ou falência de múltiplos órgãos. É responsável por 25% da ocupação de leitos em UTIs no Brasil. Atualmente a sepse é a principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer. Tem alta mortalidade no país, chegando a 65% dos casos, enquanto a média mundial está em torno de 30-40%. Segundo um levantamento feito pelo estudo mundial conhecido como Progress, a mortalidade da sepse no Brasil é maior que a de países como Índia e a Argentina.

A doença é a principal geradora de custos nos setores público e privado. Isto é devido a necessidade de utilizar equipamentos sofisticados, medicamentos caros e exigir muito trabalho da equipe médica.

Segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), a sepse já é considerada um problema de saúde pública no mundo. Os índices de incidência ainda são muito altos, mesmo em países que apresentam taxas mais baixas.  Nos Estados Unidos, a sepse contribui para quase metade de todas as mortes hospitalares, de acordo com um estudo de 2014 realizado pela revista científica Journal of the American Medical Association. Estima-se que cerca de 250.000 americanos morrem a cada ano a partir desta condição.

Pesquisadores desenvolvem tecnologia inovadora

A sepse é causada quando uma infecção no sangue desencadeia um aumento de moléculas chamadas citocinas, que impulsionam a síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS), que causa a falha do órgão. A equipe GoodSIRS – composta por pesquisadores do Boston Children’s Hospital, do Massachussets Institute of Technology (MIT) e da Harvard Business School, nos Estados Unidos – desenvolveu um dispositivo que seleciona e remove citocinas com mais eficiência do que equipamentos de filtragem de sangue convencional, tornando o processo de cura mais seguro e com maior índice de sucesso. Pelo desenvolvimento da nova tecnologia, a start-up GoodSIRS ganhou o prêmio MIT Sloan Healthcare Innovations, recebendo a quantia de  US$ 25 mil.

“Com o nosso conjunto de filtros, agora temos uma maneira de modular seletivamente o sistema imunológico [durante a sepse]”, diz o Dr. Brian McAlvin, médico da UTI do Boston Children’s Hospital.

Filtrando as citocinas

O Dr. McAlvin explicou que tratamentos tradicionais para a sepse, como a diálise, podem filtrar adequadamente o sangue, “mas essas tecnologias não podem discriminar entre moléculas prejudiciais e benéficas ao sangue.” Isto é ineficiente e pode levar a outras complicações tais como insuficiência renal.

Para abordar esta questão, os pesquisadores desenvolveram agentes químicos chamados conjugados de anticorpos maytansinóide (AMC, em inglês) para fazer com que anticorpos sejam ligados a uma única citocina. O dispositivo – que passou por ensaios pré-clínicos – é um cartucho contendo estes AMCs que pode ser adicionado a um equipamento de filtragem de sangue existente e modificado para atacar qualquer citocina associada à sepse.

“O sangue do paciente é filtrado quando o paciente sobre-expressa uma citocina particular”, disse o Dr. Brian Timko, pós-doutorando no laboratório Langer do MIT e instrutor de anestesia no Boston Children’s Hospital. “Quando o sangue flui através do filtro, apenas aquela citocina é removida do fluxo. Os AMCs são removidos quando a citocina retorna para concentrações basais “.

Os elementos AMCs são compostos por materiais aprovados pela agência reguladora americana FDA e pode limpar citocinas supérfluas do sangue em menos de uma hora, diz o Dr. Timko. “Além disso”, acrescentou, “a nossa tecnologia AMC é compatível com o equipamento que já é usado em cada unidade de cuidados intensivos em todo o país.”

Além de salvar vidas, a equipe disse que o dispositivo poderia reduzir os elevados custos de permanência na UTI prolongada e terapias caras associados com o tratamento da sepse. De acordo com a Agência de Investigação de Saúde e Qualidade, sepse é uma das condições cujo tratamento é mais caro em hospitais dos Estados Unidos, custando mais de US $ 20 bilhões em 2011.

Fonte: Rob Matheson, MIT News.

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