Notícia
Câncer de ovário: estudo valida modelo de risco da doença com base em ultrassonografia
Estudo multicêntrico valida modelo de risco de malignidade da doença
Divulgação
Fonte
Imperial College de Londres
Data
sexta-feira, 19 fevereiro 2016 20:50
Áreas
Oncologia. Ginecologia. Imagens Médicas.
O câncer do ovário representa cerca de 30% de todos os casos de câncer ginecológico. Nos países desenvolvidos, ele é tão frequente quanto o câncer de corpo do útero (35%) e o câncer invasivo de colo do útero (27%). A incidência varia entre menos de dois casos novos por 100 mil mulheres no Sudeste da Ásia e África para mais de 15 casos novos por 100 mil no Norte e no Leste Europeu. A estimativa mundial, realizada em 2012, mostrou que ocorreram por volta de 240 mil casos novos de câncer do ovário naquele ano, apresentando um risco estimado de 6,1 casos a cada 100 mil mulheres. Estimam-se 6.150 casos novos de câncer do ovário para o Brasil, no ano de 2016, com um risco estimado de 5,95 casos a cada 100 mil brasileiras.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do ovário é o quinto mais incidente na Região Centro-Oeste, com um risco estimado de 6,96/100 mil. Nas Regiões Sudeste (6,76/100 mil), Sul (6,71/100 mil) e Nordeste (4,93/100 mil), ocupa a sétima posição. Na Região Norte (2,92/100 mil), ocupa a oitava posição, conforme documento de estimativa de câncer para o câncer em 2016 do INCA.
Fatores de risco
Entre os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento do câncer do ovário, o mais conhecido é o histórico familiar de câncer de mama ou do ovário. As mulheres que possuem esse aspecto familiar, combinado com as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, têm o risco potencializado de desenvolver câncer do ovário. Estudos têm apontado novos locais suscetíveis, além das mutações citadas, e houve avanços na direção da identificação de novas formas de previsão desse tipo de tumor por meio da genética. Outra condição genética também relacionada a essa neoplasia é a síndrome de Lynch (câncer de cólon hereditário não polipoide). Outro fator de risco importante para o câncer do ovário é a endometriose. A endometriose causa um estado crônico de inflamação, o que, além de problemas reprodutivos, também pode contribuir para o desenvolvimento do câncer do ovário. Como outros fatores de risco para o câncer do ovário, aparecem a terapia de reposição hormonal pós-menopausa, o tabagismo, a obesidade e a nuliparidade. Além disso, alguns estudos reportam uma relação direta entre o desenvolvimento do câncer ovariano e menopausa tardia.
Em 2008, pesquisadores da Universidade KU Leuven, na Bélgica, coordenados pelo Dr. D. Timmerman publicaram um estudo sobre as cinco regras para o diagnóstico do câncer de ovário através do exame de ultrassonografia (US). Além disso, pelas características encontradas na US era possível diferenciar a benignidade ou malignidade do tumor.
As cinco regras para predizer a malignidade (M-rules) foram:
- tumor sólido irregular;
- presença de ascite;
- detecção de pelo menos 04 estruturas papilares;
- tumor sólido multilocular irregular com diâmetro maior que 100mm e
- conteúdo hiperecogênico na coloração no US Doppler.
As cinco regras para predizer a benignidade (B-rules) foram:
- cisto unilocular;
- presença de componentes sólidos, onde o mais largo é menor que 7mm;
- presença de sombras acústicas;
- tumor regular menor que 100mm e
- não captação de fluxo sanguíneo no US Doppler.
Novos estudos cientíicos
Na edição de Janeiro de 2016 da revista científica American Journal of Obstetrics & Ginecology (AJOG), foi publicado um estudo multicêntrico, coordenado pelo Dr. Tom Bourne, do Imperial College de Londres. Foram analisadas amostras coletadas em 22 centros oncológicos, nos quais foram avaliados 5020 pacientes com câncer de ovário que foram submetidas a US transvaginal, para avaliar a acurácia e o risco de malignidade baseado nos critérios das 5 regras (M-rules) descritas por Timmerman.
Todas as pacientes selecionadas estavam em programação para a ressecção cirúrgica do tumor de ovário e posteriormente a peça ressecada foi submetida a análise histológica para a verificação do grau de malignidade celular. Do montante inicial, foram analisadas 4848 pacientes.
Depois de analisar os tumores das pacientes ao longo de dez anos, a equipe criou um modelo matemático que pondera cada um dos tópicos nos critérios M-Rules, e calcula o risco de um tumor canceroso maligno. Os achados demonstraram que a acurácia desta análise sobre o US foi capaz de detectar a malignidade do tumor em 98% dos casos e assim predizer quais casos deveriam passar por uma intervenção cirúrgica. Com isso, é possível evitar que tumorações sem características malignas sejam operadas desnecessariamente e aquelas mais agressivas sejam encaminhadas mais rapidamente para cirurgiões oncológicos especialistas. O monitoramento do crescimento do tumor ovariano também pode ser auxiliado através de marcadores sanguíneos como o CA125.
Acesse o resumo do estudo.
Fonte: Martin Sayers, Imperial College. Imagem: Divulgação.
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