Notícia
Síndrome do olho seco: tratamento correto evita lesão da superfície ocular
Estima-se que doença crônica afete cerca de 18 milhões de pessoas no Brasil
Getty Images
O olho seco é uma doença crônica caracterizada pela inadequada umidade e lubrificação do olho. É quando há diminuição da produção da lágrima ou deficiência em alguns de seus componentes. No Brasil, estima-se que cerca de 18 milhões de pessoas sofrem com a enfermidade.
“A doença pode estar relacionada à exposição a determinadas condições do meio ambiente (poluição e computador), idade avançada, menopausa, medicamentos, uso incorreto de lentes de contato, traumas, doenças reumatológicas e outras doenças do sistema imunológico. Apesar de muitas pessoas sofrerem de olho seco, o seu diagnóstico pode ser facilmente confundido com outras condições, como infecções ou alergias oculares”, diz o oftalmologista e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em São Paulo, Dr. Claudio Lottenberg.
A função das lágrimas
As lágrimas lubrificam a superfície ocular homogeneizando-a e criando o que se chama de filme lacrimal. Por conta disto, tem papel óptico e também colabora com a qualidade da visão.
Causas do olho seco
As causas de olho seco podem ser locais ou sistêmicas.
São causa locais as alterações de algum elemento do próprio olho, que colabora para a formação da lágrima. Vale ressaltar os processos cicatriciais decorrentes de conjuntivites graves, alterações nas pálpebras (blefarites) e mesmo as alterações das glândulas lacrimais.
As causas sistêmicas podem ser, por exemplo, as doenças reumáticas e o uso de determinados tipos de medicamentos.
Sintomas
O paciente portador de olho seco pode ter: incômodo, ardor, sensação de areia nos olhos, vermelhidão, dificuldade para ficar em ambientes com ar condicionado ou em frente ao computador, olhos embaçados no final do dia e forte irritabilidade a tarefas rotineiras como leitura prolongada.
O diagnóstico
Há vários métodos de diagnosticar o olho seco. O oftalmologista examina o filme lacrimal e avalia o tempo de ruptura da lágrima através de testes específicos. Exames locais complementares, como os testes de Rosa Bengala e de Schirmer, também são bastante utilizados.
“O teste de Schirmer consiste na colocação de uma tira de papel de filtro no fundo do saco conjuntival inferior. Após 5 minutos, mede-se a quantidade de umedecimento da tira de papel. Valores superiores a 15 mm são considerados normais. Já o teste de Rosa Bengala é feito através da introdução de um colírio com propriedades corantes e da análise da resposta das estruturas externas do olho. Se houver pontos secos, eles irão absorver diferentemente o corante, delimitando a área afetada”, explica o Dr. Lottenberg.
O tratamento
Habitualmente o tratamento é feito com a utilização de lágrima artificial, em diferentes doses, para os casos mais leves. Casos mais severos necessitam do uso de medicações tópicas mais específicas e até mesmo oclusão de ponto lacrimal.
Pesquisa pretende desenvolver nova técnica para a identificação da síndrome do olho seco
Tornar o diagnóstico da síndrome do olho seco mais fácil e barato é o desafio que está mobilizando pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos. A ideia do projeto é desenvolver um método não invasivo para o diagnóstico da síndrome, com a construção de um protótipo. Serão óculos com microcâmeras acopladas e diodos emissores de luz (LEDs). Por meio da análise das imagens captadas e de outros recursos, será possível identificar se a pessoa possui a síndrome: um programa de computador será criado para analisar automaticamente os vídeos que serão gerados, pois será preciso avaliar todos os momentos em que houve uma perturbação no fluxo da luz, seja porque ocorreu uma ruptura no filme lacrimal ou porque a pessoa piscou. A pesquisa é realizada por Tiago Trojahn, doutorando do ICMC e professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus São Carlos
O potencial da iniciativa foi reconhecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O projeto está entre os 46 selecionados no 3º ciclo do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) de 2015. Nos próximos nove meses, Trojahn trabalhará com os pesquisadores da empresa de tecnologia e equipamentos médicos WaveTek, sediada em São Carlos, para comprovar a viabilidade técnico-científica do projeto e terá à disposição até R$ 120 mil (fase 1 do PIPE). Para isso, contará com o apoio de mais quatro profissionais com bolsas Fapesp: dois destinados a solucionar os desafios computacionais e dois voltados para o desenvolvimento do protótipo em si (aspectos ópticos, mecânicos e eletrônicos). Se a pesquisa for bem sucedida nessa primeira etapa, os pesquisadores podem solicitar mais recursos para o Programa em busca de consolidar a proposta (fase 2).
Fonte: Dr. Claudio Lottenberg (HIAE) e Denise Casatti, Assessoria de Comunicação do ICMC/USP. Imagem: Getty Images.
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