Notícia

Parar de fumar: por que é importante e as dificuldades de quem enfrenta esse desafio

O desafio não é fácil, mas vencê-lo é uma condição importante para a saúde

Fonte

SBEM e ENSP-Fiocruz

Data

sábado, 17 outubro 2015 10:35

Áreas

Pneumologia. Oncologia. Psiquiatria.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) mostram que 10% dos fumantes chegam a reduzir sua expectativa de vida em 20 anos.

A OMS estima que um terço da população mundial adulta seja fumante, ou seja, 1,2 bilhão de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres). O Portal da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) destaca 10 informações que mostram a importância de parar de fumar:

  1. O consumo de derivados do tabaco causa cerca de 50 tipos de doença, principalmente as cardiovasculares (infarto, angina), o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite). Estas doenças são as principais causas de óbitos por doença no Brasil, sendo que o câncer de pulmão é a primeira causa de morte por câncer.
  2. O tabagismo causa impotência sexual no homem e, no caso das mulheres, complicações na gravidez. Além disso, ele provoca aneurismas arteriais; úlcera do aparelho digestivo; infecções respiratórias; osteoporose; trombose vascular; problemas respiratórios e redução do desempenho desportivo.
  3. O hábito de fumar enfraquece o cabelo e faz secar a pele, reduz o paladar e o olfato. Além do envelhecimento precoce da pele, devido à falta de oxigenação, o tabaco também inibe a produção de colágeno e elastina, que impedem a flacidez. É comum nas mulheres que fumam surgirem precocemente imensas rugas em volta dos lábios.
  4. Os malefícios do fumo são maiores nas mulheres devido às peculiaridades próprias do sexo, como a gestação e o uso da pílula anticoncepcional. A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média 2 anos antes) e dismenorréia (sangramento irregular).
  5. Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao cérebro geralmente em 9 segundos. O fumo causa no Sistema Nervoso Central, num primeiro momento, a elevação leve no humor e diminuição do apetite. O que parece ser prazeroso no começo, causa dependência e vício.
  6. O tabaco é prejudicial também para quem se encontra junto do fumante. Além do desconforto, o fumo causa doenças imediatas ou a longo prazo. O risco de doença cardíaca aumenta em 25% num adulto exposto ao fumo passivo.
  7. O tabagismo passivo é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subsequente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. Fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos como, irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito). Outros efeitos a médio e longo prazo são a redução da capacidade funcional respiratória (o quanto o pulmão é capaz de exercer a sua função), aumento do risco de ter aterosclerose e aumento do número de infecções respiratórias em crianças.
  8. A convivência com um fumante aumenta o risco de doenças cardíacas coronarianas em 25% a 30%. O tabagismo diminui o colesterol bom, mesmo nas pessoas jovens. Existem cada vez mais indícios de relação entre o tabagismo passivo e o derrame cerebral. Mesmo exposições pequenas podem ter consequências sobre a coagulação do sangue, favorecendo a ocorrência de trombose. As pessoas com doenças cardíacas podem sofrer arritmias, diante da exposição à fumaça do cigarro. O risco de infarto do miocárdio também aumenta.
  9. O tabagismo passivo é especialmente perigoso na gravidez, podendo prejudicar o crescimento do feto e aumentar o risco de complicações durante a gravidez e o parto, tais como a morte fetal, o parto prematuro e o baixo peso ao nascer. Os recém-nascidos e as crianças pequenas também são muito prejudicados. As crianças expostas à fumaça do cigarro têm maior risco de morte súbita, bronquite, pneumonia, asma, exacerbações da asma e infecções de ouvido.
  10. Ao parar de fumar, o risco de doenças diminui gradativamente e o organismo do ex-fumante se restabelece. Após 20 minutos do último cigarro, a pressão sanguínea diminui, as batidas cardíacas voltam ao normal e a pulsação cai. Após 8 horas sem cigarro, o nível de oxigênio no sangue pode chegar aos níveis de uma pessoa não-fumante. Após 24 horas, os pulmões já conseguem eliminar o muco e os resíduos da fumaça. Dois dias depois, é possível sentir melhor o cheiro e o gosto das coisas. O corpo já não possui nicotina e a transpiração deixa de cheirar a tabaco. Após duas semanas, melhora a circulação, tosse, congestão nasal, fadiga e falta de ar. Após um ano, o risco de doença cardíaca cai pela metade. Após 5 anos, o risco de ter câncer de pulmão também reduz 50%. Após 15 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de uma pessoa que nunca fumou.

A ansiedade como sintoma de quem decide parar de fumar

Apesar dos esforços na implementação do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, a taxa de sucesso do tratamento ainda é baixa (cerca de 20%). O conhecimento do perfil da população que procura ajuda nas unidades de saúde visando parar de fumar pode contribuir para aumentar o sucesso do tratamento. Com o objetivo de descrever as características dos fumantes que buscam ajuda em unidades de saúde para largar o vício, pesquisadoras do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-Fiocruz), em parceria com pesquisadoras de outras instituições, publicaram o artigo Perfil dos fumantes brasileiros no Programa Nacional de Controle do Tabaco, com base na experiência do Centro de Saúde Escola. O estudo, que aponta a ansiedade como principal sintoma (67%) enfrentado por quem para de fumar, foi publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria e revela a necessidade de expandir as estratégias atuais para torná-las mais eficazes na prevenção contra o tabagismo desde a infância.

No estudo retrospectivo, foram coletadas informações de todos os pacientes submetidos ao tratamento de controle do tabagismo, no período de 2012 a 2014, no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Segundo as pesquisadoras, cerca de 250 fumantes procuraram tratamento no Centro de Saúde Escola. “Cerca de 80-90% relataram fumar para reduzir a ansiedade ou em virtude de sentimentos de tristeza. Cerca de 80-90% dos participantes relataram fumar após consumir café e depois das refeições. As principais razões que motivaram os participantes a parar de fumar foram: preocupação com a saúde (95%), mau exemplo para as crianças (92%), bem-estar familiar (84%) e questões econômicas (84%). Metade dos fumantes relataram autopercepção de saúde moderada. Os principais problemas de saúde relatados foram: depressão (55%), desordem gástrica (49%) e hipertensão (32%). Os principais sintomas de abstinência relatados foram: ansiedade (67%), agitação (62%), irritabilidade (58%) e fissura (58%)”, descreveram as autoras do estudo.

De acordo com as autoras, a maioria dos fumantes (76%), antes de iniciar o tratamento, apresentava níveis elevados ou muito elevados de dependência ao tabaco. A pontuação média escala Fagerström foi 6.74, o que representa alta dependência do tabaco.  Para as pesquisadoras, os fumantes com níveis mais elevados de dependência à nicotina são mais propensos a buscar ajuda no programa do que aqueles menos dependentes. Por outro lado, os mais dependentes têm mais dificuldade de alcançar sucesso no tratamento do que os fumantes leves. Além disso, é necessário rever e expandir as estratégias atuais para torná-las mais eficazes na prevenção contra o tabagismo desde a infância.

O artigo Profile of Brazilian smokers in the National Program for Tobacco Control foi publicado no volume 37, número 3, da Revista Brasileira de Psiquiatria. Acesse aqui o artigo na íntegra.

Fonte: SBEM e ENSP-Fiocruz.

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