Notícia

Alimentos funcionais e alimentação fora do domicílio

Pesquisadores destacam o papel dos alimentos funcionais e refletem sobre o desafio da alimentação saudável fora de casa

Shutterstock

Fonte

Revista Nutrire e ABCFarma

Data

domingo, 11 outubro 2015 17:05

Áreas

Alimentação e Nutrição.

No contexto da percepção cada vez mais clara da ligação estreita entre nutrição e saúde, os alimentos chamados “funcionais” definem um padrão “extra” na qualidade do produto alimentar: são alimentos que contêm elementos ativos que podem auxiliar na prevenção, controle ou redução de risco de certas doenças, além das propriedades intrínsecas que possuem.

Segundo a Profa. Dra. Jocelem Salgado, professora titular de Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP), em entrevista à Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFarma), “existem muitos estudos científicos que comprovam os benefícios de alimentos funcionais. Isso não é um mito, tanto que para se obter o registro na ANVISA de um alimento com alegação de propriedades funcionais, deve ser formulado um relatório técnico científico bastante detalhado, comprovando os benefícios e a segurança de uso do alimento”. Os principais estudos sobre alimentos funcionais referem-se à influência sobre o câncer, diabetes, hipertensão, doença de Alzheimer, osteoporose, doenças cardiovasculares, inflamatórias e intestinais.

Na última edição da revista científica Nutrire (vol.40, n.2, agosto de 2015), pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), no Paraná, publicaram um estudo de revisão sobre a alimentação fora do domicílio e o uso de alimentos funcionais em alimentação coletiva. O estudo foi coordenado pela Profa. Dra. Eloá Angélica Koehnlein, da UFFS.

Os autores destacam que “diversos fatores contribuíram para as modificações dos hábitos alimentares observados atualmente, nos quais o consumo de alimentos ricos em lipídios, açúcares e sal vem substituindo o de cereais integrais, frutas e hortaliças”. O trabalho também destaca que o aumento do poder aquisitivo da população, a diminuição do tempo disponível para o preparo das refeições e a participação efetiva da mulher no mercado de trabalho foram alguns dos fatores que levaram ao aumento da alimentação fora do domicílio.

Os autores relatam resultados de pesquisas de 2002-2003 e 2008-2009 cujos resultados apontaram para os alimentos mais consumidos fora de casa: refrigerantes, salgados fritos ou assados, pizzas, sanduíches, doces e bebidas alcoólicas. E o mais preocupante: em todas as regiões brasileiras, nas áreas urbana e rural, por ambos os sexos e em todas as faixas etárias. Deste modo, “a alimentação fora do domicílio influencia a qualidade da dieta dos consumidores e pode vir a ter impacto sobre o ganho de peso da população”, dizem os pesquisadores.

Por outro lado, o trabalho cita várias experiências (bem-sucedidas) da inclusão efetiva de alimentos funcionais em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) do extremo sul catarinense, em Santa Maria (RS), no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.

Os autores concluem que, a partir destas experiências positivas, “o nutricionista assume papel primordial na promoção da saúde. Esse profissional poderá proporcionar o acesso a esse tipo de alimento por meio de sua inclusão no planejamento de cardápios, bem como por meio de ações educativas relativas às informações sobre a importância do consumo desses alimentos, visando proporcionar melhorias na alimentação da população e, consequentemente, em sua saúde e estado nutricional”.

Exemplos de alimentos funcionais

  • Frutas e hortaliças são alimentos funcionais que apresentam importante teor de vitaminas antioxidantes, carotenoides, compostos fenólicos e fibras. Os carotenoides estão contidos principalmente em vegetais alaranjados, vermelhos, amarelos e verde-escuros. As brássicas, representadas por hortaliças como repolho, couve-flor, couve-manteiga, brócolis, couve-de-bruxelas, couve-rábano, couve-chinesa, mostarda, nabo, agrião, rabanete, rábano e rúcula, possuem compostos bioativos enxofrados como os glicosinolatos.
  • Os condimentos podem possuir propriedades antimicrobianas e antioxidantes. O alecrim apresenta atividade antioxidante devido à presença de compostos fenólicos, assim como o orégano, a canela, o cravo e o louro. O açafrão possui óleos essenciais de excelentes qualidades técnicas e organolépticas, também com características antioxidantes e antimicrobianas. O alho e a cebola contêm importante teor de compostos organossulfurados.
  • A soja apresenta quantidades significativas de isoflavonas.
  • A linhaça é importante fonte de ácidos graxos ômega 3 e de lignanas.
  • O feijão contém componentes como proteína, fibra solúvel, saponinas, esteroides, compostos fenólicos e fitatos, com ação hipocolesterolemiante.
  • Os peixes são considerados alimentos funcionais pelo teor de ácidos graxos ômega 3 e o consequente papel cardioprotetor.
  • As oleaginosas como a amêndoa, pecã, castanha-do-pará e avelã, entre outras, apresentam ácidos graxos ômega 3 e ômega 9, zinco e selênio, fitoesteróis e tocoferóis.
  • O azeite é rico em gorduras monoinsaturadas, que ajudam a elevar o HDL (colesterol “bom”) e a reduzir o LDL (colesterol “ruim”). Com propriedades antioxidantes, combate os radicais livres, associados ao câncer.
  • A aveia, devido a uma fibra solúvel chamada betaglucano, ajuda a prevenir doenças cardíacas. Além disso, o farelo de aveia, rico em fibras insolúveis, regula o funcionamento do intestino.

Leia mais no artigo científico completo na Revista Nutrire: Alimentos funcionais em alimentação coletiva: reflexões acerca da promoção da saúde fora do domicílio”.

Fonte: Revista Nutrire e ABCFarma. Imagem: Shutterstock.

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