Notícia

Mindfulness alivia estresse e ansiedade entre profissionais de enfermagem

Revisão sistemática de 14 pesquisas realizadas em sete países detectou diminuição estatisticamente significativa de condições adversas de saúde mental após o tratamento com a técnica conhecida como ‘atenção plena’

stefamerpik via Freepik

Fonte

Agência FAPESP

Data

sexta-feira, 12 julho 2024 12:55

Áreas

Atenção Primária. Enfermagem. Psiquiatria. Saúde Mental.

Estudo que envolveu cientistas de três instituições brasileiras e foi publicado na revista científica Archives of Psychiatric Nursing verificou que a prática de mindfulness, também conhecida como ‘atenção plena’, ajuda profissionais de enfermagem a gerenciar seus níveis de ansiedade e estresse.

A metodologia adotada pelos autores foi a revisão sistemática, garimpando e examinando 14 estudos anteriores sobre o mesmo tema, conduzidos em sete países diferentes. Para organizar e analisar os dados de forma coerente, foi empregada metanálise, técnica estatística que permite combinar resultados de diversas pesquisas, possibilitando conclusões mais precisas e confiáveis sobre o assunto investigado. A metanálise revelou uma diminuição estatisticamente significativa da ansiedade e do estresse após o tratamento.

A busca em sete bases de dados, entre elas Web of Science e Scopus, foi realizada em outubro de 2022. Foram selecionados inicialmente 861 artigos. Após uma triagem mais cuidadosa, 14 trabalhos foram escolhidos para a revisão sistemática: três conduzidos na Austrália, dois nos Estados Unidos, um em Portugal, dois na China, dois no Brasil, três na Malásia e um em Taiwan. A metanálise abarcou 13 dos 14 artigos. Com exceção de uma pesquisa feita com profissionais de saúde de uma casa de repouso (Long-Term Care), todas foram feitas em hospitais.

Na enfermagem existem diferentes categorias profissionais, entre elas enfermeiro, auxiliar de enfermagem e técnico de enfermagem. A amostragem de dez estudos foi composta exclusivamente por enfermeiros. Nos outros quatro estudos incluídos na revisão, a composição foi diferente: um deles envolveu enfermeiros e técnicos de enfermagem, outro incluiu auxiliares de enfermagem, técnicos e enfermeiros, um terceiro contou apenas com auxiliares de enfermagem certificados, enquanto o quarto teve apenas técnicos de enfermagem como participantes. A soma total de participantes dos 14 estudos resultou em uma amostra de 818 profissionais na revisão sistemática.

“Além de estudos robustos sobre o adoecimento de trabalhadoras de enfermagem e o aumento da utilização da prática do mindfulness, percebeu-se a importância de explorar esse tipo de intervenção para o manejo da ansiedade naquele grupo, combinando as duas frentes de pesquisa anteriores”, explica Karen de Oliveira Santana, especialista em saúde mental e psiquiátrica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), mestranda em cuidado em saúde pela Escola de Enfermagem (EEUSP) e uma das autoras do artigo.

Karen Santana explicou que a atenção plena propõe focar no momento presente de maneira intencional e sem julgamento, a fim de observar as sensações físicas, pensamentos e sentimentos sem reagir de forma impulsiva ou automática. Envolve uma série de práticas meditativas, exercícios de respiração e outras formas de autoconsciência. “Isso possibilita uma pausa entre o estímulo e a resposta, o que favorece pensar conscientemente antes de agir. As técnicas de respiração e meditação promovem o relaxamento físico e mental, ajudando a aliviar a tensão relacionada à ansiedade e ao estresse e contribuindo para uma maior consciência das próprias necessidades”, afirmou a especialista.

Da EEUSP, também assinam o artigo a professora Dra. Caroline Figueira Pereira e o professor Dr. Divane de Vargas, Manuela Silva Ramos (graduada) e Roni Robson da Silva (mestrando). As duas outras autoras do estudo são a Dra. Maria Neyrian de Fátima Fernandes, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e a Dra. Edilaine Cristina da Silva Gherard-Donato, professora titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP).

Karen Santana destacou que a adoção do mindfulness entre equipes de enfermagem não significa anular as demandas objetivas da área. “É possível manejar os sintomas de ansiedade e estresse nesse grupo, mas é preciso olhar também para o que gera tais sintomas.”

As condições de trabalho das equipes de enfermagem incluem longas jornadas, exposição constante a doenças, desvalorização profissional e baixos salários, o que intensifica o risco de adoecimento nessa profissão, avaliou a pesquisadora.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Ricardo Muniz, Agência FAPESP. Imagem: stefamerpik via Freepik.

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