Notícia
Estudo com idosos revela que a estimulação do cerebelo melhora a memória
Pesquisa demonstrou o papel desta zona do cérebro no atraso do declínio cognitivo associado ao envelhecimento, reforçando a importância de intervenções não farmacológicas nesta prevenção
vecstock via Freepik
Fonte
Universidade de Coimbra
Data
segunda-feira, 15 maio 2023 06:30
Áreas
Bioengenharia. Engenharia Biomédica. Envelhecimento. Física Médica. Geriatria. Medicina. Neurociências. Psicologia. Psiquiatria. Saúde do Idoso. Saúde Mental. Saúde Pública.
A estimulação do cerebelo durante o envelhecimento tem impacto na melhoria da memória episódica (a capacidade de recordar histórias e ações do quotidiano), revelou um estudo liderado pelo Dr. Jorge Almeida, professor e pesquisador da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUC) da Universidade de Coimbra, em Portugal. A conclusão da pesquisa demonstrou o papel desta zona do cérebro para atrasar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento, reforçando a importância de intervenções não farmacológicas nesta prevenção.
O estudo, publicado na revista científica GeroScience, contou com a participação de pessoas saudáveis, com mais de 60 anos, que foram sujeitas a um treino cognitivo e a uma técnica de estimulação neuronal indolor (a neuroestimulação transcraniana por corrente direta). Como explicou o professor Jorge Almeida, a pesquisa mostrou “uma melhoria na capacidade de idosos saudáveis se recordarem de listas de palavras, após somente doze sessões consecutivas de estimulação cognitiva e neuronal”.
Sobre as melhorias apresentadas, “os indivíduos estimulados no cerebelo foram capazes de se recordar de mais 4 palavras, em média, num total de 16, quando comparados com os outros grupos de controle”, sublinhou o professor Jorge, que também é diretor do Proaction Lab e pesquisador do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC).
O aumento na capacidade de memória foi acompanhado de modificações em nível neuronal na ligação entre as áreas responsáveis pela memória – ou seja, o efeito da estimulação do cerebelo foi também visível nas estruturas neuronais que suportam a memória episódica, fortificando as suas conexões. Estas melhorias foram registadas imediatamente após o programa de intervenção, que teve a duração de 12 dias, e continuaram estáveis no controle realizado 4 meses depois.
O Dr. Jorge Almeida destacou ainda que “estes dados demonstram a nossa capacidade de atuar, de forma simples e não farmacológica, numa das maiores queixas relacionadas com o declínio cognitivo na terceira idade – a nossa capacidade de nos recordarmos de coisas do nosso dia-a-dia”.
O estudo, que envolveu uma equipa multidisciplinar e multinacional composta por psicólogos, médicos e engenheiros de várias universidades – incluindo a Escola Médica de Harvard e a Universidade de São Paulo (USP) – apontou também para um papel renovado do cerebelo ao nível dos processos cognitivos e no modo como a mente funciona, que vai para além da típica ligação aos aspetos de coordenação de movimento. O Dr. Marcel Simis, do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) participou do estudo.
Com a esperança do aumento na expectativa de vida, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, em 2050, uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos. Esta previsão demográfica vai colocar desafios enormes à sociedade, dado que o envelhecimento está fortemente ligado ao declínio cognitivo, a doenças neurodegenerativas e a fragilidades diversas.
Salientando que a memória episódica será, provavelmente, a maior vítima do declínio cognitivo associado ao envelhecimento, os autores do estudo revelam esperança nos resultados face ao contexto demográfico atual e futuro, e reforçam a importância de intervenções não farmacológicas para a prevenção e diminuição do declínio cognitivo em idosos.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.
Fonte: Mariana Coimbra, FPCEUC/Universidade de Coimbra e Catarina Ribeiro, Universidade de Coimbra. Imagem: vecstock via Freepik.
Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Apenas usuários cadastrados no Portal tech4health t4h podem comentar, Cadastre-se! Por favor, faça Login para comentar