Notícia

Enrijecimento arterial pode estar associado à doença de Alzheimer

Embora possa não haver uma causa única para a doença de Alzheimer, uma série de indicadores neuroquímicos pode definir não apenas a patologia central e a progressão final da doença, mas também o risco da doença em pacientes assintomáticos

Getty Images

Fonte

Universidade Vanderbilt

Data

sábado, 17 julho 2021 07:10

Áreas

Cardiologia. Medicina. Neurociências.

Uma equipe de pesquisa do Centro Médico da Universidade Vanderbilt (VUMC), nos Estados Unidos, relatou na revista científica Neurology que o maior enrijecimento da aorta, a principal artéria do corpo humano, está associado em adultos idosos ao aumento da patologia da doença de Alzheimer, conforme refletido em uma série de indicadores neuroquímicos medidos no cérebro.

“Esses resultados têm implicações importantes para a prevenção da doença de Alzheimer”, disse a Dra. Angela Jefferson, professora de Neurologia e diretora fundadora do Centro de Memória e Alzheimer de Vanderbilt, que liderou o estudo em conjunto com a Dra. Elizabeth Moore, também do VUMC.

“Com base em nossa pesquisa anterior, identificamos caminhos patológicos específicos pelos quais a saúde cardiovascular se relaciona com o declínio cognitivo no envelhecimento”, disse a Dra. Angela Jefferson. “Com este estudo, descobrimos novas associações entre maior rigidez arterial e biomarcadores de inflamação, lesão sináptica, emaranhados neurofibrilares e neurodegeneração, todos processos patológicos que estão presentes na doença de Alzheimer”, destacou a pesquisadora.

“À medida que aumenta a nossa compreensão do impacto da saúde cardiovascular nos biomarcadores de Alzheimer, aumentam também as opções potenciais de prevenção e tratamento para esta doença devastadora”

As novas descobertas são baseadas no exame de 146 pacientes com idades entre 60 e 90 anos que não eram portadores de demência e doenças neurológicas. Os pacientes são um subconjunto de participantes do Vanderbilt Memory and Aging Project, um estudo de coorte observacional em expansão liderado pela Dra. Angela Jefferson, focado em descobrir vias de lesão que aceleram ou melhoram a manifestação clínica da doença de Alzheimer.

Embora possa não haver uma causa única para a doença de Alzheimer, uma série de indicadores neuroquímicos pode definir não apenas a patologia central e a progressão final da doença, mas também o risco da doença em pacientes assintomáticos. Estudos anteriores encontraram associações entre a rigidez aórtica e dois desses biomarcadores de Alzheimer: beta-amiloide aumentado e depósitos de proteína tau fosforilada.

As novas descobertas dos pesquisadores da Universidade Vanderbilt, que são baseadas em uma medida mais sensível de rigidez arterial, vão contra a primeira dessas descobertas anteriores, apoiam a segunda e identificam três novas associações entre rigidez aórtica e biomarcadores que se acredita estarem implicados na doença de Alzheimer.

Em indivíduos assintomáticos com 74 anos ou mais, o estudo encontrou associações entre maior rigidez aórtica e maiores concentrações de líquido cefalorraquidiano de quatro dos sete biomarcadores de DA testados: proteína tau fosforilada e proteína tau total, considerados índices de neurodegeneração no Alzheimer; neurogranina, considerada um índice de disfunção sináptica no Alzheimer; e uma glicoproteína chamada YKL-40, considerada um índice de neuroinflamação no Alzheimer.

Embora seja há muito entendido que o enrijecimento arterial relacionado à idade acarreta o risco de eventos como ataque cardíaco e derrame, estudos mais recentes encontraram associações com comprometimento cognitivo, mudanças na estrutura do cérebro e doença cerebral de pequenos vasos. Estudos anteriores liderados pela equipe da Dra. Angela Jefferson descobriram que o aumento da rigidez aórtica e a redução do débito cardíaco estão associados à diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e ao aumento do risco de declínio cognitivo.

“Anteriormente, mostramos que uma maior rigidez arterial reduz o fluxo sanguíneo para a microcirculação cerebral, o que pode causar declínio cognitivo. Este novo estudo adiciona evidências de mudança de paradigma de que os fatores de risco vascular também podem contribuir para a patologia molecular considerada como responsável pela doença de Alzheimer e patologias concomitantes”, concluiu a pesquisadora.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Centro Médico da Universidade Vanderbilt (em inglês).

Fonte: Paul Govern, Centro Médico da Universidade Vanderbilt. Imagem: Getty Images.

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