Notícia
Estimulação nervosa pode ser eficaz em pacientes com cefaleia intratável
Novo estudo mostrou que a estimulação nervosa reduz a frequência e a gravidade das dores em pacientes que não puderam ser tratados com medicamentos
Pavel Danilyuk via Pexels
Fonte
Universidade de Leiden
Data
quinta-feira, 24 junho 2021 07:15
Áreas
Neurociências. Saúde Pública.
As cefaleias crônicas recorrentes são uma doença cerebral gravemente debilitante que causa dores de cabeça insuportáveis, geralmente várias vezes ao dia. Um ataque médio dura entre uma e duas horas e, como costuma ocorrer à noite, pode causar sérios distúrbios do sono. Em muitos casos, os tratamentos existentes não são eficazes, deixando alguns pacientes desesperados.
Estimulando o nervo occipital
Um estudo em grande escala conduzido em vários países investigou a eficácia e segurança da estimulação do nervo occipital em pacientes cujas cefaleias crônicas não puderam ser prevenidas, apesar das múltiplas tentativas de tratá-las com medicamentos. “O nervo occipital é facilmente acessível, estando localizado perto da superfície da pele na parte de trás da cabeça e está conectado ao tronco cerebral. Isso explica por que a estimulação deste nervo pode prevenir ataques de cefaleia”, destacou o Dr. Michel Ferrari, professor de Neurologia do Centro Médico (LUMC) da Universidade de Leiden, nos Países Baixos.
Redução dramática dos sintomas
Os pesquisadores realizaram um estudo clínico randomizado, duplo-cego, multicêntrico, controlado por ‘dose’ (da estimulação elétrica), de fase 3. Um pequeno neuroestimulador foi implantado sob a pele na parte de trás da cabeça dos pacientes [participantes do estudo], perto do nervo occipital, e conectado a uma bateria também inserida sob a pele. Os protocolos de implantação e estimulação foram supervisionados pelo professor Dr. Frank Huygen do Departamento de Anestesiologia do Erasmus MC. “A padronização do procedimento em todos os centros participantes foi a chave para o sucesso deste estudo’, explicou o Dr. Huygen. Assim que o dispositivo foi implantado, 130 pacientes receberam estimulação elétrica alta ou baixa do nervo aleatoriamente durante um período de seis meses. Os pacientes observaram uma redução dramática na frequência e gravidade dos ataques em semanas. ‘Alguns pacientes até ficaram livres dos ataques [de dor]’, disse o Dr. Michel Ferrari. A melhora pode ser mantida por vários anos por meio de um protocolo de estimulação personalizado.
Os pacientes toleraram bem o tratamento, com mais de 90% dos indivíduos muito satisfeitos e dispostos a recomendar o tratamento a outros pacientes. “Comecei a trabalhar neste estudo como estudante de doutorado há 10 anos’, lembra a Dra. Poldi Wilbrink, coautora do trabalho. “Agora sou neurologista e é fantástico ver tantos pacientes que costumavam estar em desespero terem melhorado tanto.” Além disso, “uma melhora tão notável é ainda mais impressionante quando você percebe que foram muito pacientes gravemente afetados e com doenças crônicas que não viram nenhuma melhora com os tratamentos existentes”, destacou o Dr. Michel Ferrari.
O estudo recebeu um investimento de € 6 milhões (cerca de R$ 35 milhões) do Ministério da Saúde, Bem-estar e Esporte dos Países Baixos, como parte de um programa de financiamento. Quando a pesquisa foi concluída, o Ministério decidiu incluir a estimulação nervosa na cobertura do seguro saúde para cefaleias recorrentes.
Centros médicos selecionados
Conhecimento específico é necessário para o diagnóstico e tratamento de pacientes com cefaleias crônicas recorrentes e para a aplicação e monitoramento da estimulação nervosa. Apenas um pequeno número de centros está autorizado a fornecer a terapia na Holanda, trabalhando em estreita cooperação: LUMC (Dr. Rolf Fronczek), Erasmus MC (Dr. Frank Huygen), Canisius Wilhelmina Hospital (Dr. Wim Mulders/Dr. Kurt Erkan), Zuyderland Hospital (Dra. Poldi Wilbrink) e Maastricht UMC (Dr. Onno Teernstra).
Os resultados do estudo foram publicados na revista científica The Lancet Neurology.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Leiden (em inglês).
Fonte: Universidade de Leiden. Imagem: Pavel Danilyuk via Pexels.
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