Notícia
Tecido com tecnologia de pontos quânticos tem propriedades autolimpantes e capacidade de proteção à radiação ultravioleta
Benefício do novo tecido é alcançado a partir do revestimento de pontos quânticos de Óxido de Zinco
Dois cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) finalizaram, em 2020, o desenvolvimento de um novo material para a indústria têxtil, cujo pedido de patente foi realizado no mês de abril. A nova tecnologia é um tecido de pontos quânticos com propriedades autolimpantes. Mas não somente: o tecido possui capacidade de proteção à radiação ultravioleta, com o benefício sendo alcançado a partir do revestimento de pontos quânticos de Óxido de Zinco.
Pontos quânticos são partículas de semicondutores extremamente pequenas, cujas dimensões não ultrapassam alguns nanômetros de diâmetro e possuem aplicação em áreas como computação e medicina, televisores e estamparia. “Devido ao confinamento quântico presente no óxido de zinco, materiais acabados com o semicondutor permitem uma atividade fotocatalítica segura, duradoura e reusável, além de adicionar o benefício do uso para o vestuário ou têxtil técnico em prol da saúde humana, protegendo a pele da agressão da irradiação UVA/UVB”, explicou o professor Dr. José Heriberto Oliveira do Nascimento.
Falando sobre diferenciais, o pesquisador destacou o baixo custo e a possibilidade de reutilização como aspectos relevantes. “Além de eliminar as sujidades, degradando os compostos orgânicos, pode ser usado para tratamento de efluentes com até dez vezes seu ciclo de uso”, acrescenta o docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Têxtil (PPGET). O pedido de patente da nova tecnologia foi depositado sob a denominação Acabamento quântico multifuncional com propriedades fotocatalítica e bloqueador uv para aplicação em materiais têxteis e plásticos.
Além do professor Heriberto, é também autor do registro de propriedade intelectual Rivaldo Leonn Bezerra Cabral, então mestrando no PPGET. Ele contextualizou a pesquisa em relação a uma situação mais ampla, o advento da 4ª revolução industrial, com as singularidades das ferramentas da nanotecnologia na indústria têxtil. Segundo ele, essas ferramentas são essenciais na obtenção de materiais com maior funcionalidade e desempenho. Rivaldo destacou inclusive que a situação fica evidente observando diversos trabalhos que utilizaram nanopartículas de óxido de zinco como principal agente fotocatalisador em processos de degradação de compostos orgânicos em efluentes industriais.
“No entanto, a disposição dessas partículas em suspensão no efluente, atrelada ao seu tamanho e forma, eleva o custo da aplicação e, principalmente, traz consigo um risco aos seres vivos e ao meio ambiente. A nossa invenção mostra-se, assim, uma alternativa, sem perder eficiência e propriedade, pois os resultados mostraram um alto grau de efetividade”, afirmou Rivaldo Leonn.
Os efluentes de que fala Rivaldo são os despejos líquidos proveniente de um estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto sanitário. Ele complementa que a utilização de técnicas de revestimento de substratos têxteis com nanoestruturas demonstra que a nanociência é fundamental para a síntese, caracterização e aplicação de materiais com propriedades multifuncionais. O Dr. José Heriberto acrescentou, por fim, que os próximos passos incluem a construção de um protótipo com aplicação no meio ambiente.
Acesse a notícia completa na página da UFRN.
Fonte: Wilson Galvão, AGIR/UFRN. Imagem: Frascos exemplificam o processo: à direita, o tecido funcionalizado após fotodegradar todo o efluente do frasco da esquerda, onde há um tecido contendo as nanopartículas. No meio, as nanopartículas sem imobilização. Fonte: Cícero Oliveira, Agecom/UFRN.
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