Notícia
Bloquear o reflexo inflamatório pode ajudar a combater a sepse
Inibição da reação do sistema nervoso poderia reduzir mortalidade por sepse
Getty Images
Fonte
Universidade de Bolonha
Data
quinta-feira, 1 outubro 2020 10:25
Áreas
Medicina. Medicina Intensiva. Neurociências. Saúde Pública.
O bloqueio do reflexo inflamatório – processo pelo qual o sistema nervoso inibe a resposta inflamatória do corpo quando há uma infecção em andamento – pode ter efeitos benéficos no combate à sepse, uma condição particularmente perigosa que causa mais de 11 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Esta é a conclusão de um estudo internacional publicado na revista Scientific Reports, que tem entre os autores o Dr. Davide Martelli, pesquisador do Departamento de Ciências Biomédicas e Neuromotoras da Universidade de Bolonha, na Itália.
Sepse é uma doença em que uma infecção grave se espalha por todo o corpo e é a principal causa de morte no mundo em unidades de terapia intensiva não coronariana, com taxas de letalidade que variam de 20% a 60% dependendo da gravidade.
Em pessoas com sepse, o sistema imunológico inicialmente reage à infecção com uma resposta inflamatória muito forte. Mas, após essa fase inicial, se a infecção não desaparecer, a doença progride e a tempestade inflamatória cessa, dando lugar a uma fase de imunossupressão: uma nova fase da doença que representa um período muito crítico, durante o qual muitos pacientes perdem a vida.
Diversas pesquisas realizadas nos últimos anos pelo professor Davide Martelli mostram que, durante esse processo, o sistema nervoso parece desempenhar um papel fundamental. Simplificando, poderíamos dizer que o cérebro “escuta” e “fala” com o sistema imunológico, influenciando seu comportamento.
“O sistema nervoso é capaz de influenciar o sistema imunológico por meio dos nervos simpáticos esplâncnicos, grandes nervos periféricos que ajudam a inervar os órgãos abdominais: durante as infecções, o cérebro envia sinais a esses nervos para inibir a resposta inflamatória do corpo. Na maioria das situações, esse ‘reflexo inflamatório’ é útil, pois evita reações excessivas do sistema imunológico que podem ser perigosas para o paciente, mas em doenças críticas como a sepse pode ser prejudicial”, explicou o Dr. Martelli.
Partindo dessa hipótese, os pesquisadores demonstraram então que, em um modelo de sepse de ovinos clinicamente relevante, o bloqueio do reflexo inflamatório resulta em um efeito benéfico significativo para o animal. As ovelhas sem o reflexo inflamatório, graças ao poder de seu sistema imunológico inato não “travado” pelo sistema nervoso, foram de fato capazes de remover as bactérias do sangue em 90 minutos após o início da infecção, voltando perfeitamente ao estado saudável em muito pouco tempo. Para ovelhas nas quais o reflexo inflamatório permaneceu funcional, a bactéria persistiu no sangue por até mais de dois dias.
“Um reflexo inflamatório que persiste por vários dias pode prejudicar a capacidade de defesa contra patógenos, contribuindo para aquela fase de imunossupressão que é particularmente perigosa nos casos de sepse. Os resultados que obtivemos mostram, portanto, que ações que permitam bloquear o reflexo inflamatório em tempo oportuno podem levar a benefícios significativos do ponto de vista terapêutico”, concluiu o Dr. Davide Martelli.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na Universidade de Bolonha (em italiano).
Fonte: UNIBO Magazine, Universidade de Bolonha. Imagem: Getty Images.
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