Notícia
Pesquisa de Comportamentos realizada pela Fiocruz, Unicamp e UFMG avalia como a pandemia afetou a vida dos brasileiros
Hábitos saudáveis diminuíram e estados de ânimo pioraram durante pandemia
Pixabay
Fonte
Unicamp | Universidade Estadual de Campinas
Data
quinta-feira, 11 junho 2020 08:25
Áreas
Gestão da Saúde. Saúde Mental. Saúde Pública.
Aumento de consumo de álcool e de hábitos não saudáveis, além de pioras em estados de ânimo e perda de rendimentos especialmente entre os mais pobres foram alguns dos dados mapeados pela Pesquisa de Comportamentos ConVid, que divulgou um relatório específico sobre o estado de São Paulo recentemente. Realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de Federal de Minas Gerais (UFMG), a pesquisa teve por objetivo verificar como a pandemia afetou a vida dos brasileiros, levando em consideração que o isolamento social foi uma das principais recomendações para a proteção das pessoas.
Os resultados da Pesquisa de Comportamentos Convid poderão contribuir para uma melhor compreensão do impacto da quarentena sobre a saúde dos brasileiros e também para orientar ações dirigidas a minimizar os efeitos adversos trazidos pelo isolamento social prolongado. “É uma situação que a gente nunca viveu no país. Então o objetivo foi o de verificar o que está acontecendo também no âmbito da saúde e, a partir desse diagnóstico, ver como ajudar a população”, afirma professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Dra. Marilisa Berti de Azevedo Barros, uma das coordenadoras da pesquisa.
Para a pesquisadora, um dos aspectos que chama atenção é o percentual de pessoas que se sentem tristes com frequência. “Esse aspecto de tristeza que está afetando muitas pessoas, juntamente com o estado de ansiedade, e mostra que é preciso ajudá-las a lidarem com isso, saber como trabalhar com isso, para preservar a saúde mental e a saúde em geral”.
Os pesquisadores envolvidos na pesquisa estão agora trabalhando em analisar com mais profundidade cada um dos aspectos levantados para, assim, formular recomendações para a população. Entretanto, a Dra. Marilisa já destaca que alimentar-se de forma saudável e praticar atividade física – hábitos que tiveram queda durante a pandemia – são indicações da Organização Mundial da Saúde (OMS) no sentido de preservar a saúde.
A pesquisa
A pesquisa foi realizada através de questionário via web. No estado de São Paulo, participaram 11.863 pessoas, de diversos municípios, que responderam às perguntas entre os dias 24 de abril e 24 de maio de 2020. A amostra foi calibrada por meio dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) de 2019 e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para obter a mesma distribuição por sexo, faixa etária, raça/cor, e grau de escolaridade da população do estado.
Os dados globais, sobre o panorama no Brasil, podem ser obtidos no site da pesquisa. Confira alguns resultados a respeito do estado de São Paulo:
Intensidade do isolamento
A maioria da população no Estado de São Paulo (60,4%) ficou em casa saindo apenas para compras em supermercado e farmácia; 15,7% ficaram rigorosamente em casa só saindo por necessidade de atendimento à saúde. Esse percentual foi 10,2% nos adultos jovens, mas atingiu 31,7% nos idosos.
Dos adultos de 30 a 59 anos, 29,7% continuou trabalhando e saindo, mas tomando certos cuidados. Em idosos, o percentual que continuou trabalhando e saindo foi de 10%.
Impactos socioeconômicos
Na totalidade da população, 55,3% das pessoas relataram diminuição da renda familiar e 6,3% ficaram sem rendimento.
As perdas de rendimento atingiram mais fortemente a população mais pobre (renda per capita inferior a meio salário mínimo). Neste grupo, 9,4% ficaram sem rendimento e apenas 26,4% conseguiu manter a mesma renda, enquanto no segmento mais rico (4 salários mínimos ou mais) esses percentuais foram respectivamente de 6,9% e 48,8%.
Tiveram redução ou ficaram sem renda 91% dos trabalhadores por conta própria.
Impacto na Saúde
Na população do Estado de São Paulo, 26,5% dos adultos relataram que a sua saúde havia piorado com a pandemia.
O percentual de pessoas com risco de agravamento de COVID-19 por ser portador de uma doença crônica (diabetes, hipertensão, asma/doença do pulmão, doença do coração, câncer) foi 35,3%. Este percentual alcançou 54,8% entre os idosos, mas 22,3% dos adultos jovens também apresentavam uma dessas doenças.
Entre as pessoas que tinham problema crônico de coluna (32,7% da população), 56,6% relataram aumento da dor. Entre os que não tinham problema de coluna, 40% passaram a ter dores na coluna durante a pandemia, provavelmente devido às mudanças nas atividades habituais.
Estado de ânimo
Durante o período analisado da pandemia, grande parte da população paulista apresentou problemas no estado de ânimo: 39% se sentiu triste/deprimido e 50,9% se sentiu ansioso/nervoso frequentemente (muitas vezes ou sempre). Os adultos jovens (18-29 anos) apresentaram percentuais muito mais elevados de que os idosos: 54,9% com tristeza frequente em comparação com 25% dos idosos, e 69,7% com ansiedade frequente em comparação a 31,4% dos idosos.
As mulheres relataram problemas no estado de ânimo com maior frequência que os homens: o percentual de mulheres que se sentiram tristes/deprimidas frequentemente foi 48,4%, enquanto entre os homens foi 28,5% e o percentual que se sentiu ansioso/nervoso frequentemente foi 60,1%, entre as mulheres, e 40,6%, entre os homens.
Consumo de álcool/cigarro e hábitos alimentares
Na totalidade da população, 18,4% relatou aumento no uso de bebidas alcoólicas durante a pandemia e esse percentual foi mais elevado nas pessoas com 30 a 39 anos (27,4%) e com nível de escolaridade superior (26,7%). O crescimento do consumo de álcool foi 2 vezes maior em quem relatou se sentir sempre triste ou deprimido e mais de 3 vezes superior nos que se sentiram sempre ansiosos durante a pandemia.
No total da população, 15,7% são fumantes e 28% dos fumantes aumentaram o número de cigarros fumados por dia.
O consumo de alimentos saudáveis diminuiu durante a epidemia. Por outro lado, o percentual de consumo de alimentos não saudáveis em dois dias ou mais por semana aumentou.
Atividade Física
O percentual de indivíduos ativos, ou seja, que praticavam pelo menos 150 minutos de atividades físicas semanais, era 30,5% antes da pandemia, caindo para 14,2% durante a pandemia.
Por outro lado, o hábito de assistir televisão por três horas ou mais aumentou de 21% para 52% na população total do estado de São Paulo.
Acesse a página da Pesquisa de Comportamentos ConVid para o Brasil.
Acesse a notícia completa na página da Unicamp.
Fonte: Liana Coll, Unicamp. Imagem: Pixabay.
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