Notícia
Fetos podem “ver” mais do que se pensava
Células ganglionares da retina intrinsecamente fotossensíveis foram descobertas há apenas 10 anos
Franklin Caval-Holme, UC Berkeley
Fonte
Universidade da Califórnia em Berkeley
Data
quarta-feira, 27 novembro 2019 10:45
Áreas
Medicina. Neurociências.
No segundo trimestre, muito antes dos olhos de um bebê em formação no útero poderem ver imagens, eles podem detectar luz. Mas acreditava-se que as células sensíveis à luz na retina em desenvolvimento – a fina camada de tecido cerebral na parte de trás do olho – fossem simples interruptores, presumivelmente para configurar os ritmos de 24 horas durante o dia e a noite.
Cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, encontraram recentemente evidências de que essas células simples realmente se comunicam como parte de uma rede interconectada que dá à retina mais sensibilidade à luz do que se pensava, e que pode aumentar a influência da luz no comportamento e no desenvolvimento do cérebro de maneiras inesperadas.
No olho em desenvolvimento, talvez 3% das células ganglionares – as células da retina que enviam mensagens através do nervo óptico para o cérebro – são sensíveis à luz e, até o momento, os pesquisadores descobriram cerca de seis subtipos diferentes que se comunicam com vários lugares do cérebro. Alguns tipos conversam com o núcleo supraquiasmático para ajustar nosso relógio interno ao ciclo dia-noite. Outros enviam sinais para a área que faz nossas pupilas contraírem sob luz forte. Mas outros se conectam com áreas surpreendentes: a peri habenula, que regula o humor, e a amígdala, que lida com as emoções.
Em camundongos e macacos, evidências recentes sugerem que essas células ganglionares também se comunicam por meio de conexões elétricas chamadas junções de hiato, implicando muito mais complexidade em olhos imaturos de roedores e primatas do que se imaginava.
“Dada a variedade dessas células ganglionares e pelo fato de elas se projetarem para muitas partes diferentes do cérebro, me faz pensar se elas desempenham um papel na maneira como a retina se conecta ao cérebro”, disse a Dra. Marla Feller, professora de biologia molecular da Universidade da Califórnia em Berkeley. e autora sênior de um artigo publicado este mês na revista científica Current Biology.
As células, chamadas células ganglionares da retina intrinsecamente fotossensíveis (ipRGCs), foram descobertas há apenas 10 anos, surpreendendo cientistas como a Dra. Marla Feller, que estudava a retina em desenvolvimento há quase 20 anos. Ela desempenhou um papel importante, juntamente com sua mentora, Dra. Carla Shatz, da Universidade Stanford, ao mostrar que a atividade elétrica espontânea nos olhos durante o desenvolvimento – a chamada onda da retina – é fundamental para estabelecer as redes cerebrais corretas para processar imagens posteriormente.
“Pensávamos que os fetos estariam cegos neste momento do desenvolvimento. Pensávamos que as células ganglionares estariam lá no olho em desenvolvimento, que estariam conectadas ao cérebro, mas que na verdade não estariam conectadas a grande parte do resto da retina. Agora, sabemos que elas estão conectadas, o que foi uma coisa surpreendente”, concluiu a Dra. Marla Feller.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade da Califórnia em Berkeley (em inglês).
Fonte: Robert Sanders, Universidade da Califórnia em Berkeley. Imagem: Franklin Caval-Holme, UC Berkeley
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