Notícia

Combate ao câncer: novo alvo celular reduz capacidade do câncer se espalhar

Cientistas americanos encontram forma promissora de interromper os sinais que desencadeiam metástases

Fonte

Universidade Johns Hopkins

Data

domingo, 28 maio 2017 18:45

Áreas

Oncologia. Bioquímica. Biotecnologia. Biologia Celular e Molecular. Farmácia. Indústria Farmacêutica.

Uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriu um processo de sinalização bioquímica que faz com que células cancerígenas densamente compactadas se separem de um tumor e espalhem a doença em outras partes do corpo.

Em seu estudo, publicado na revista científica Nature Communications, a equipe também relatou que o uso combinado de duas drogas existentes interrompe esse processo e diminui significativamente a tendência de câncer, em um comportamento chamado metástase.

A nova descoberta é importante, dizem os pesquisadores, porque 90% das mortes por câncer são causadas por metástases, e qualquer coisa que possa interromper essa atividade pode melhorar o prognóstico para os pacientes. O novo processo de sinalização apareceu quando a equipe analisou com mais detalhes os eventos celulares que promovem a metástase.

“Descobrimos que não foi o tamanho total do tumor primário que provocou o espalhamento das células cancerosas, mas a intensidade da ligação celular quando elas se soltam do tumor”, disse uma das pesquisadoras principais, a Dra. Hasini Jayatilaka, do Centro de Oncologia da universidade. “Descobrimos que a densidade celular é muito importante no desencadeamento de metástases”.

A Dra. Jayatilaka e seus colegas encontraram uma combinação de medicamentos que conseguiram interromper este processo de formação de metástases em nível microscópico, em estudo com em modelos animais. Ainda não foram feitos estudos clínicos em humanos, mas os pesquisadores disseram que a descoberta contribui para um novo foco promissor para a pesquisa do câncer: interromper a atividade bioquímica que permite que as células cancerosas se espalhem pelo corpo.

Um dos autores do estudo, o Dr. Denis Wirtz, diretor de entro de Ciências Físicas e Oncologia da Universidade Johns Hopkins, disse que nenhum medicamento comercial está sendo produzido especificamente para inibir a metástase porque as empresas farmacêuticas acreditam que a melhor maneira de parar a propagação do câncer é destruindo o tumor primário do qual se origina.

“As empresas farmacêuticas vêm a metástase como um subproduto do crescimento tumoral”, disse o Dr. Wirtz, que também é professor da Johns Hopkins em engenharia química e biomolecular e pesquisador no “Johns Hopkins Kimmel Cancer Center”. “Nosso estudo analisou mais de perto os passos que realmente iniciam a metástase. Ao fazer isso, fomos capazes de desenvolver uma terapêutica inovadora que tem foco na metástase e não no crescimento do tumor primário. Este tratamento tem o potencial de inibir a metástase e, assim, melhorar a vida de pacientes com câncer “.

Os dois fatores-chave da metástase, segundo o Dr. Wirtz, são a tendência das células cancerígenas de se reproduzirem com uma velocidade muito rápida e sua capacidade de se mover através do tecido circundante até chegar à corrente sanguínea, o que permite que a doença se espalhe por outras partes do corpo.

Ao estudar as células tumorais em um ambiente tridimensional que se assemelha ao tecido humano, os pesquisadores foram capazes de determinar como essas atividades começam. A equipe descobriu que, em dois tipos de células cancerígenas que se reproduziu e criou um aglomerado no local do teste, essas células secretaram certas proteínas que incentivaram a migração. Os pesquisadores identificaram estas proteínas como a Interleucina 6 (IL-6) e a Interleucina 8 (IL-8).

A IL-6 e a IL-8 parecem transmitir uma mensagem às células cancerosas, dizendo-lhes para se afastarem do tumor primário denso“, disse a Dra. Hasini Jayatilaka, Nos estudos em animais, os pesquisadores descobriram que a aplicação de dois medicamentos existentes – o  Tocilizumabe e a Reparaxina – bloquearam os receptores que permitiam que as células cancerosas recebessem o sinal de realocação. O Tocilizumabe é um medicamento aprovado para artrite reumatoide e está em ensaios para uso em casos de câncer de ovário. A Reparaxina está sendo avaliado como um possível tratamento para o câncer de mama.

Em nossa experiência de oito semanas, quando usamos esses dois medicamentos juntos, o crescimento do tumor primário em si não foi interrompido, mas a propagação das células cancerosas foi significativamente diminuída, disse a Dra. Hasini Jayatilaka. “Descobrimos uma nova via de sinalização que, quando bloqueada, poderia potencialmente reduzir a capacidade de metástase do câncer“.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Universidade Johns Hopkins. Imagem: Glioma Cerebral, Shutterstock.

 

 

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