Notícia

Trombose: práticas para prevenção são fundamentais

Wikimedia Commons

Fonte

Proqualis, Fiocruz

Data

sexta-feira, 14 outubro 2016 08:06

Áreas

Biomecânica da Circulação. Hematologia. Cirurgia Vascular.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte prevenível em todo mundo. Entre os problemas cardiovasculares que mais matam estão o ataque cardíaco, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Tromboembolismo (TEV).  Dia 13 de outubro foi comemorada a data internacional de conscientização da trombose, que tem como objetivos aumentar a conscientização sobre a doença, reduzir o número de casos não diagnosticados, incrementar medidas para prevenção baseada em evidências, incentivar sistemas de saúde de forma a criar estratégias para garantir as melhores práticas de prevenção, diagnóstico e tratamento e incrementar os recursos adequados para estas ações e o apoio à pesquisa para reduzir a carga da trombose. A campanha global é liderada pela Internacional Society on Thrombosis And Haemostasis – ISTH (Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia) e reforça a importância da prevenção e tratamento adequado do tromboembolismo venoso (TEV).

Para comemorar a data, o Portal Proqualis, do Instituto de Comunicação e Informação Científica (Icict) da Fiocruz, entrevistou a médica Dra. Claudia Tavares Regadas, membro do Núcleo de Segurança do Paciente do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (HSFE) e colaboradora do Projeto de Pesquisa “Desenvolvimento e avaliação de uma estratégia para implementação da Lista de Verificação (checklist) de Cirurgia Segura da OMS”, liderada pela Fiocruz, em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). A Dra. Claudia lidera a implementação de práticas para prevenção do tromboembolismo venoso no HSFE.

Proqualis- Quais as estratégias estão sendo adotadas pelo HFSE para a prevenção do TEV?

Dra. Claudia – O tromboembolismo venoso é umas das maiores causas de morte prevenível nos hospitais. Sua prevenção é um desafio, que no Hospital Federal dos Servidores do Estado do RJ está sendo liderado pelo Núcleo de Segurança do Paciente. Para implementar medidas de prevenção e controle do TEV, seguimos propostas do artigo “Como implementar uma diretriz – da teoria à prática: exemplo da profilaxia para Tromboembolismo Venoso“ para discutir as barreiras e implementar estratégias. Fizemos um mapeamento para identificar o perfil dos pacientes quanto ao risco do tromboembolismo na unidade. Propomos a criação da Comissão de Profilaxia de TEV e estamos alinhando a avaliação do risco individual do paciente para a TEV com foco nas condições do paciente e não no diagnóstico da internação ou no procedimento cirúrgico proposto. A princípio a avaliação está sendo feito para o grupo de pacientes cirúrgicos. Mas, a finalidade é que a avaliação e as medidas sejam incorporadas por todo hospital.

Proqualis- Quais os desafios na implementação dessas estratégias?

Dra. Claudia – De acordo com a literatura, as principais formas de se prevenir o TEV são a deambulação precoce, o uso de medicamentos (por exemplo, a heparina de baixo peso molecular) e a mecânica (por exemplo, a bomba de compreensão pneumática). O processo de aquisição dos insumos necessários é um grande desafio. A partir de estudos e discussões de profilaxia de TEV, optamos por usar como instrumento de avaliação do risco para TEV, o escore Caprini Thrombosis Risk Factor Assessment e o primeiro passo foi a tradução do instrumento e construção do protocolo de profilaxia adaptado à realidade do hospital. A seguir, serão necessárias ações de educação continuada dos profissionais médicos e enfermeiros. Os médicos farão a avaliação do risco e prescrição da prevenção, enquanto a enfermagem executa a profilaxia, seja estimulando a deambulação precoce, aplicando a medicação ou a bomba de compressão pneumática. A farmácia, almoxarifado e administração também são alvo essenciais no projeto para garantir a continuidade do fornecimento do insumo. Todos precisam conhecer a magnitude do problema para aderirem à boa prática do cuidado. Já há protocolos instituídos, por exemplo, no INTO, porém, não pudemos simplesmente incorporá-los, pois são perfis de pacientes diferentes. No INTO, o paciente é especificamente ortopédico, no HFSE temos outros pacientes além dos oriundos da cirurgia ortopédica. Somos um hospital geral de alta complexidade, com 450 leitos, distribuídos em 9 especialidades clínicas, 15 cirúrgicas, unidade materno-fetal e pediatria com suas diversas especialidades.

Proqualis – De que maneira o Projeto de pesquisa sobre Cirurgia Segura liderado pela Fiocruz influenciou para a implementação de estratégia de prevenção do TEV?

Dra. Claudia – O Projeto de Pesquisa Desenvolvimento e avaliação de uma estratégia para implementação da Lista de Verificação (checklist) de Cirurgia Segura da OMS sob a coordenação da Dra. Margareth Portela, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz e Coordenadora Geral do Proqualis, foi um motivador na busca de uma solução para evitar esse tipo de evento na internação. O TEV é um dos eventos adversos cuja prevenção é checada pela lista de verificação para a cirurgia segura. Para verificar se as medidas de prevenção do TEV foram feitas, é necessário que haja um protocolo implementado. Não basta apenas introduzir uma lista de verificação para cirurgia segura, é preciso que os protocolos e medidas específicas para o paciente cirúrgico sejam efetivamente implementadas para que haja impacto na segurança do paciente. O projeto de pesquisa está sendo fundamental para fortalecer a comissão, sensibilizar o corpo clínico para o risco desse evento adverso, desenvolver e implementar o protocolo, e monitorar o processo com indicadores de adesão.

Acesse o site da campanha internacional (em inglês).

Fonte: Proqualis, Fiocruz. Imagem: Wikimedia Commons.

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