Notícia

Trombose: políticas públicas reduziriam casos no país

Diagnóstico de trombose apenas com sinais e sintomas clínicos tem chance de erro elevada e limita ações precoces

Wikimedia Commons

Fonte

ABHH

Data

quinta-feira, 8 junho 2017 16:55

Áreas

Medicina. Hematologia. Cirurgia Vascular. Saúde Pública.

A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), por meio do Comitê de Trombose e Hemostasia, indica a necessidade de mais atenção e implementação de políticas públicas para um diagnóstico correto da trombose, a fim de diminuir a mortalidade e aumentar a qualidade de vida do paciente.

A trombose é caracterizada pela formação ou desenvolvimento de um coágulo sanguíneo responsável por causar a obstrução e inflamação na parede do vaso, conhecida pelos médicos como trombose venosa profunda. Considerada uma causa de morte global, a trombose é causa de mortalidade de 1 a cada 4 pessoas no mundo, por complicações da doença, segundo o movimento World Thrombosis Day, realizado anualmente no dia 13 de outubro como alerta.

“Infelizmente muitos diagnósticos de trombose no Brasil ainda são realizados apenas com os sinais e sintomas clínicos. A chance de erro é de aproximadamente 70%, quando o diagnóstico é apenas clínico. É imprescindível a realização de um método de imagem sempre quando há suspeita clínica. Já existem algumas clínicas públicas especializadas neste assunto, mas não são suficientes para atender a demanda”, explica o Dr. Daniel Dias Ribeiro, coordenador do Comitê de Hemostasia e Trombose da ABHH.

O acesso aos medicamentos e procedimentos para a trombose na rede pública depende muito da cidade/região/estado. “Não temos ainda na rede pública acesso aos anticoagulantes orais alvo específico. Estes, quando bem utilizados, poderiam ajudar a diminuir o tempo de hospitalização com um custo menor do que temos atualmente e de uma forma mais simples”, completa o Dr. Daniel Ribeiro, que é hematologista especialista em trombose.

Sintomas

Os membros inferiores são os locais mais comuns de trombose e os principais sintomas são o edema (inchaço), vermelhidão, dor e calor local, além de dor nas pernas.

Incidência

A incidência de trombose é igual nos dois sexos quando não estratificado por faixa etária. Quando é avaliada apenas a faixa entre 20 a 40 anos, a incidência é um pouco maior nas mulheres exatamente pela maior exposição a fatores de risco, como anticoncepcionais e gestações. Estima-se que a cada ano mais de 300 mil pessoas nos Estados Unidos e mais de 500 mil na Europa passem por eventos de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar. No Brasil, não há registros precisos da incidência, mas calcula-se que, a cada mil habitantes, um ou dois sejam acometidos por trombose.

Como prevenir

Além do acompanhamento médico, qualquer pessoa pode tomar medidas de prevenção. Muitas delas podem ser incorporadas no cotidiano. Algumas das dicas são:

  • Exercitar-se ou fazer pequenas caminhadas regularmente;
  • Controlar o peso;
  • Evitar o cigarro;
  • Movimentar as pernas durante longos períodos sentada;
  • Usar meias elásticas no caso de insuficiência venosa, sempre com orientação médica.

 

Anticoncepcionais x riscos

Existe uma correlação do uso dos anticoncepcionais com o tromboembolismo venoso. O aumento do risco relativo de trombose associado a estes é de duas a sete vezes maior quando comparamos mulheres da mesma idade que usam em comparação com aquelas que não fazem uso. “Parece grande, mas como a incidência de trombose na faixa etária de mulheres em idade fértil é de aproximadamente 0,01%, o aumento do risco absoluto é pequeno. Saímos de 0,01 e vamos para 0,07%”, afirma Daniel. Segundo o especialista, é preciso também levar em conta todos os benefícios que os anticoncepcionais trazem para a vida das usuárias. “Com certeza temos uma relação entre o risco e o benefício favorável ao uso. O vilão da história é o estrógeno, que interfere no equilíbrio da coagulação favorecendo a formação de trombose”, completa.

Fonte: Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. Imagem: Wikimedia Commons.

 

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