Notícia

Homem é mais sensível à perda de força muscular causada pelo diabetes

Controle do diabetes pode ajudar a evitar a perda de força muscular

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Fonte

UFSCar | Universidade Federal de São Carlos

Data

segunda-feira, 3 fevereiro 2020 10:30

Áreas

Biomecânica. Medicina. Endocrinologia.

Um estudo de mestrado desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Gerontologia (PPGGero) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) revelou que o controle do diabetes é um dos caminhos para evitar a perda de força muscular em pessoas acima de 50 anos. A pesquisa também demonstrou que homens são mais sensíveis ao problema do que as mulheres.

A pesquisa é parte do International Collaboration of Longitudinal Studies of Aging (InterCoLAging) – um consórcio de estudos longitudinais envolvendo Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, que está instalado no Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar, coordenado pelo professor Dr. Tiago da Silva Alexandre, docente do DGero e orientador do projeto, realizado pela nutricionista Clarice Cavalero Nebuloni.

Os objetivos da pesquisa foram, em linhas gerais: analisar a associação entre diabetes não diagnosticado, diabetes controlado e diabetes descontrolado com a baixa força neuromuscular, chamada de dinapenia, em pessoas maiores de 50 anos; investigar a relação entre os níveis de hemoglobina glicada – proteína do interior das hemácias ligada à glicose sanguínea – e força neuromuscular em pessoas nessa faixa etária; e verificar se havia diferenças de sexo nessas associações. Para realizar o trabalho foi utilizada uma amostra de 5.290 indivíduos, com mais de 50 anos de idade, residentes na Inglaterra. Os dados foram extraídos do English Longitudinal Study of Ageing (Elsa) – estudo longitudinal constituído por homens e mulheres dentro dessa faixa etária. O professor da UFSCar diz que este levantamento foi concebido para identificar fatores que explicam a diversidade de padrões que são vistos no envelhecimento, “o que permite que seja possível realizar comparações com indivíduos de outros países, inclusive o Brasil”, explica o professor Tiago Alexandre.

O professor explica que a hemoglobina glicada é o principal teste para avaliar a qualidade do controle glicêmico por possibilitar a estimativa da glicemia dos últimos três ou quatro meses. “Quanto maior o valor da hemoglobina glicada, pior o controle glicêmico”, aponta.

O estudo verificou que o diabetes descontrolado, tanto em homens quanto em mulheres, aumenta a chance de apresentar a dinapenia, respectivamente 137% e 67%, quando comparados aos não diabéticos. Além disso, a pesquisa indicou que os homens são mais suscetíveis ao problema do que as mulheres. A perda de força muscular neles foi observada a partir de níveis da hemoglobina glicada de 6,5%, enquanto que para as mulheres a dinapenia foi verificada a partir do nível 8,0%. O Dr. Tiago Alexandre esclarece que essa diferença pode ocorrer devido às mulheres serem mais sensíveis à insulina e apresentarem maior porcentagem de fibras musculares responsáveis pelo metabolismo oxidativo da glicose e dos ácidos graxos. “Assim, ao utilizar a glicose de forma mais eficiente, as mulheres precisam ser expostas a valores mais elevados de glicemia para terem sua força comprometida”, detalha o docente. O estudo considerou as diferenças entre os sexos, uma vez que os homens apresentam maior força neuromuscular que as mulheres, assim como maior perda deste recurso ao longo do tempo.

O pesquisador da UFSCar também explica a relação entre o diabetes e perda de força muscular: “as altas concentrações de glicose sanguínea, característica do diabetes descontrolado, danificam partes dos nervos periféricos afetando a capacidade de condução do impulso nervoso, causam atrofia do axônio motor, diminuição do potencial regenerativo e perdas de fibras nervosas, alterando a capacidade de contração e geração de força muscular”. Diante da constatação do diabetes como fator de risco para a dinapenia, o docente destaca a importância do controle da hiperglicemia para minimizar as complicações decorrentes da perda de força muscular, “que está altamente associada à mortalidade, incapacidade física, maior chance de hospitalização, assim como a maiores gastos para o sistema de saúde e para as famílias”, alerta. Segundo ele, novos estudos longitudinais precisam identificar quais os níveis de hemoglobina glicada são adequados para homens e mulheres para que se evite a perda de força muscular.

Os resultados foram publicados na revista científica Journals of Gerontology Medical Sciences – Series A.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFSCar.

Fonte: Gisele Bicaletto, UFSCar. Imagem: Freepik.

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